VIDAS COMPRADAS

Charles, ou Charles Jackson, tinha 25 ou 26 anos e se aterrorizava quando chovia,
Fred fugiu com a mulher e a filha de 6 ou 7 anos, que era “esperta demais para a idade”.
William, ao ser preso, declarou que pertencia ao sr. Deloney, depois ao sr. Howard, depois ao sr. John Davies.
Moses tinha como caracteristicas sorrir muito, especialmente enquanto falava.
Em New Orleans para o festival de jazz, encontrei hoje cedo uma dolorosa mostra.
Purchased Lives – New Orleans and the Domestic Slave Trade (1808-1865).
As frases acima pertencem aos cartazes de “procura-se” de escravos fugidos.
New Orleans foi o maior mercado de comercio de escravos dos Estados Unidos.
A importacao de escravos cativos fora proibida em 1807, depois de dois seculos de navios negreiros. Mas apenas nos primeiros 50 anos depois disso, entre 1808 e 1865, um milhao de pessoas foi comercializado no Pais.
A migracao interna teve um inacreditável incremento.
As criancas nasciam cativas e eram separadas das mães para serem criadas para determinados servicos.
A posse hereditária dos escravos e a lucratividade do sistema hereditário de posse de homens, crianças e mulheres escravizados alimentou grandes fortunas.
Não eram somente os proprietários que lucravam. Os bancos, o comercio, as industrias.
Houve um homem, Isaac Franklin, que chegou a possuir 700 escravos. Seu retrato foi pintado por Washington Bogart Cooper.
Tudo isso esta mostrado ali, nos 80 e poucos objetos, fotos, listas de compras, leiloes da exposicao.
Houve um navio de escravos, o brigue Creole, no qual alguns homens se amotinaram e prenderam toda a tripulacao branca – cerca de 10 homens.
Eles rumaram com o navio para Barbados, que era possessao britanica.
Ali, foram presos pelos ingleses, que declararam todos homens livres. O Reino Unido tinha abolido a escravidao. Dois deles nao foram libertados, porque mataram dois tripulantes na luta para se apossar do navio.
Morreram na prisao.
Sempre choro quando me deparo com essa parte da Historia humana.

PURCHASED LIVES – Williams Research Center, 410. Chartres Street.
Abre 9h30.