Viva a nova estação: músicas para dançar nas ruas com São Raul Seixas (foto), Rael, Mutantes, Projota, Gil & Jorge, Sérgio Sampaio, Joyce, El Efecto, Gal Costa e mais.
O País Tropical está fervendo. O país do verão, do carnaval e do futebol está fervendo. E não é carnaval nem é verão (é quase-inverno). E não é por causa do futebol, embora um torneio mundial esteja sendo disputado justamente agora no País Tropical.
Há de tudo nas ruas. Até cartazes contra o “jeitinho brasileiro”. Macunaíma chora. A “cordialidade brasileira” e a “dialética da malandragem” estão em pane. “Só a antropofagia nos une” nos desune. A tropicália pirou.
Nessas horas em que todos os gatos são verdes com bolinhas vermelhas e olhos azuis, talvez o remédio seja dançar – para não dançar – a revolução. FAROFAFÁ oferece um cardápio entre muitos possíveis: viva a farofa federal brasileira!
1. Raul Seixas, “Eu Também Vou Reclamar” (1976): “Mas agora eu também resolvi dar uma queixadinha porque eu sou um rapaz latino-americano que também sabe se lamentar”.
2. Ogi, “Profissão Perigo” (2011): “Sigo desviando a muvuca/ meu patrão no pescoço/ o oitão na minha nuca e já passou do almoço/ (…) a busca por dinheiro sufoca, machuca/ no corredor quase bati a motoca na fuca”.
3. Mutantes, “Senhor F” (1968): “O Senhor F/ vive a querer/ ser Senhor X/ mas tem medo de nunca voltar/ a ser o Senhor F outra vez/ (…) dê um chute no patrão!”.
4. Milton Nascimento e Clementina de Jesus, “Escravos de Jó” (1973): “Saio do trabalho, ê/ volto para casa, ê/ não lembro de canseira maior/ em tudo é o mesmo suor”.
5. El Efecto, “N’Aghadê” (2012): “Ó maldita macumba quimbanda macrabra/ a revolução não será televisionada/ que assim seja, que assim se faça”.
6. Rael, “Trabalhador” (2010): “Sem tempo para amor/ só/ trabalhar/ trabalhar/ trabalhar/ trabalhar”.
7. Gilberto Gil e Mutantes, “A Luta Contra a Lata ou A Falência do Café” (1968): “Navios de café calafetados/ já não passeiam em portos por aí/ rasgados velhos sacos de aninhagem/ a granfinagem limpa seus brasões/ protege com seus sacos de aninhagem/ velha linhagem de quatrocentões/ os sacos de aninhagem já não dão/ a queima das fazendas também não (fogo! fogo! fogo!)/ as latas tomam conta do balcão/ vivemos dias de rebelião/ (…) adeus, elite do café!”.
8. Gal Costa, “Com Medo, com Pedro” (1969): “Deus me livre de ter medo agora/ (…) se você cair não tenha medo/ o mundo é fundo”.
9. Raul Seixas, “Meu Amigo Pedro” (1976): “Vai pro seu trabalho todo dia/ sem saber se é bom ou se é ruim/ quando quer chorar vai ao banheiro/ (..) se não puder, cale essa boca, Pedro/ e deixa eu viver minha loucura”.
10. Gal Costa, “Acorda pra Cuspir” (1974): “Acorda pra cuspir, menina,/ que tá chegando a madrugada e cê já devia estar chegando em casa/ eu quero te ver de manhã no meio da rua/ na minha e na sua/ até a hora em que a lua resolva nascer”.
11. Empreguetes, “Vida de Empreguete” (2012): “Queria ver madame aqui no meu lugar/ eu ia rir de me acabar”.
12. Rael, Emicida e Péricles, “Oya” (2013): “Oya/ é o povo de cá pedindo pra não sofrer/ nossa gente ilhada precisa sobreviver”.
13. Flávio Renegado, “Suave” (2011): “Treme o chão, treme o chão, mas toca a alma e o coração/ e o povo pede bis e o mic tá na minha mão”.
14. Projota, “Rap do Ônibus” (2011): “Que eu possa entrar e sair vivo de um metrô na Sé/ (…) prefeito que dá o aval, avisa já pra geral:/ economiza porque o buso vai subir mais 1 real”.
15. Charlie Brown Jr., “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores” (2005).
16. Charlie Brown Jr., “Não É Sério (Clima)”: “Vejo na TV o que eles falam sobre o jovem, não é sério/ o jovem no Brasil nunca é levado a sério”.
17. Sérgio Sampaio, “Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua” (1973): “Há quem diga que eu dormi de touca/ que eu perdi a boca/ que eu fugi da briga/ que eu caí do galho e que não vi saída/ que eu morri de medo quando o pau quebrou”.
18. Jorge Ben, “Eu Vou Torcer” (1974): “Eu vou torcer pela paz/ pela alegria, pelo amor,/ pelas moças bonitas/ eu vou torcer, eu vou/ pelo inverno, pelo sorriso”.
19. Gilberto Gil, Caetano Veloso e Jorge Ben, “Queremos Guerra” (1968): “Guerra/ queremos guerra/ mas só se não fizer sol amanhã/ e se chover também/ eu não vou ficar em casa/ pois eu não estou aqui/ para pegar uma gripe danada/ e no fim da semana/ eu não poder ir ver/ a minha namorada/ (…) guerra é só um momento/ depois da guerra vem o esquecimento”.
20. Edson Gomes, “Lili” (1990): “Vamos, amigo, lute/ vamos, amigo, ajude, senão/ a gente acaba perdendo o que já conquistou”.
21. Joyce, “Nacional Kid” (1976): “Ele é um rapaz brasileiro, brasileiro/ macho, brigador e caseiro/ um rapaz brasileiro/ (…) sua identidade secreta é/ brasileiro/ (…) mulher minha não mexe com essas coisas, não/ tem que aprender a obedecer o seu/ patrão, que é um rapaz brasileiro”.
22. Gang do Eletro, “Panamericano” (2010): “Meu amigo americano chegou de Nova York/ veio conhecer aparelhagem do norte/ ele é desviado”.
23. Ney Matogrosso, “América do Sul” (1975): “Desperta, ó claro e amado sol/ deixa correr qualquer rio que alegre esse sertão/ essa terra morena, esse calor/ esse campo e essa força tropical/ desperta, América do Sul”.