Tico Santa Cruz teve um estalo e em menos de duas semanas já reuniu mais de 5 mil curtidores do Facebook para o projeto Festival Hip Rock Reggae. A ideia pega carona numa inovação do mundo digital, os financiamentos coletivos (crowdfundings), mas que vai muito além da maioria das propostas que reinam nesse universo. O festival pretende reunir as bandas ForFun, Detonautas, Ponto de Equilíbrio, Cone Crew Diretoria e Oriente num show bancado pelos fãs e, eventualmente, patrocinadores. A primeira reunião dos grupos ocorreu na terça-feira dia 31, e lá se discutiu que o melhor dia para o evento será um domingo de julho (mês de férias), que haverá uma coletânea com duas músicas de cada banda e a gravação de um videoclipe de uma música coletiva e inédita a ser composta. Ainda falta definir um bocado de coisas, como o local do show, se vai haver um espaço paralelo para bandas novas, logomarcas, o próprio nome do festival… Aos afobados de plantão (Xô, turma do “não”!) que já começaram a detonar Detonautas e cia pela iniciativa, que tal ler as intenções dos caras?
“Sejam todos bem vindos – Precisamos de mentes pensantes aqui. As bandas já confirmaram. QUERO QUE ENTENDAM QUE ESTE PROJETO É O INÍCIO de um novo ciclo e que no futuro pretendemos incluir outras bandas SIM, mas que a escolha por estes GRUPOS que farão parte nesse momento, é bem simples, TODOS SÃO INDEPENDENTES E NÃO PRECISAM DO AVAL DE EMPRESÁRIOS, para que possam participar. NÃO TEMOS como prioridade finalidades financeiras, logo empresários que só querem saber o que vão ganhar de dinheiro $$$$ nesses eventos, tendem a dificultar as coisas. Quem bancará os custos dessa idéia será a união de todos os internautas, para que possamos provar que é possível fazer um grande festival sem depender de ninguém. Se acharmos que em algum momento precisaremos de alguma MARCA para investir, vamos procurar MARCAS que tenham a nossa mesma filosofia. Então, peço por gentileza que Não fiquem oferecendo outras bandas e que aqueles que tem um sonho de tocar nesse festival, aguardem o próximo momento e colaborem, porque o SUCESSO disso aqui, certamente ditará novos rumos para todos nós e com certeza poderemos incluir bandas novas no próximo. VAMOS AVANTE.”
Muito já se falou, aqui e em todo lugar, sobre o declínio da indústria fonográfica e de como algumas lógicas de mercado impostas por ela estão em franca decadência. Com a tecnologia disponível, qualquer um pode gravar um CD hoje em dia. Claro que agora não basta só gravar o CD. É preciso difundir, divulgar e distribuir a música. E os shows, embora sejam uma das melhores formas para estreitar o contato público e artista, ainda são caros e exigem uma infraestrutura mínima para fazer e acontecer. Uma das soluções 2.0 inovadoras são os circuitos independentes que têm permitido às bandas circularem por palcos espalhados em todo o país. Mas e se os artistas não se enquadram nesse modelo? O que esses caras do Festival Hip Rock Reggae perceberam é que talvez dê (e nisso vale a pena prestar nessa empreitada!) para assumir as rédeas também desse processo de criação de shows.
Os Raimundos também foram anunciados na lista de bandas do projeto, mas dias atrás soube-se que eles estão fora. O motivo é que o primeiro show vai ser composto só de bandas do Rio de Janeiro e sairia caro (equipe, hospedagem, alimentação, transporte etc) trazer os roqueiros de Brasília. Imagina-se que o show vai ter ingressos custando de 30 (pista) a 50 reais (camarote), o que é muito abaixo do preço praticado nos megaespetáculos. Uma das propostas da iniciativa é se apoiar na grande massa de seguidores e curtidores das bandas, que já têm presença intensa nas redes sociais, e interagir com eles para formatar o festival. A primeira ação nessa direção foi a criação de um concurso para a escolha do nome do evento – para logo em seguida abrir outro para bolar o logotipo. Na página do Facebook, os apoiadores já estão mandando sugestões – e pedindo que shows como esse aconteçam em suas cidades.
Jornalistas jabazeiros (quem desconhece a expressão, leia PS abaixo) foram os primeiros a criticarem a empreitada. No fundo devem estar pensando: “Peraí, se a moda pega, nesse miserê todo não vai sobrar grana para os caras me convidarem para cobrir o show.” Aí usam o argumento da “crítica” para dizer que as bandas são uma m… A estética a serviço da falta de ética… A fórmula do Festival Hip Rock Reggae vem para somar. Há bandas que alugam um ônibus, prensam seus CDs e vão tocando de cidade em cidade para formar público. Outras preferem se ancorar nos festivais independentes. Tem os shows, megashows e pocketshows. Tem a meninada que canta funk nas comunidades. Tem artista que vai tocando em pequenas casas para testar suas composições, a forma de suas apresentações e só depois parte para gravar seus discos (Gal Costa em “Fatal”, a série de concertos no Teatro Tereza Raquel, em 1971, lembram?). Enfim, tudo isso para dizer que criticar por criticar é tão pueril quanto escrever algumas pensatas em 140 caracteres.
PS: jabá é um termo usado entre jornalistas para designar o brinde ou outro benefício material que o profissional recebe em troca de visibilidade positiva na mídia. Se fosse um político, diríamos que se trata de propina, corrupção…
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Acho que o mais interessante além do crowdfunding é o “Crowdsourcing” essa “convocatória aberta” de profissionais, fãs ou simplesmente curiosos de plantão, no objetivo de dar novas ideais e direcionamentos para o festival. Isso sim é o mais revolucionário =)
Pois é, e eles estão atuando nessa toada também, Lydianne.
Não gosto de nenhuma das bandas, mas admiro a iniciativa. Só acho ingênuo o papo de “vamos procurar MARCAS que tenham a nossa mesma filosofia”, como se existissem capitalistas bonzinhos e capitalistas malvados.
Também fiquei menos com vontade de falar da estética, da escolha das bandas, e muito mais por estarem propondo um novo modelo. Procurar Marcas com a mesma filosofia é mais uma expressão de um desejo, né, Marcos?
Sou Dir. Artístico do site de finaciamento coletivo de eventos Ativa Ai, realizamos o show dos Raimundo na Clash em Dezembro via crowdfunding e tnho interesse de auxiliá-los nessa empreitada.
11 7838 9248 / 30*3852
Alex, bacana. No nosso texto, tem um link tanto para a página do FB quanto do blog que eles criaram. Tem o contato direto deles. Estão super abertos para auxiliadores. Abs.