RAMONES A RIR

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domingo, 17 de julho

O fedor característico do cobertor do mendigo que dorme na porta do caixa 24 horas.
As sobrancelhas incômodas de Ernest Borgnine.
As ruínas que são as calças de moletom de Jeff “Dude” Bridges.
Barba e cabelos grisalhos e sujos (que, conforme o tempo sem aparar, ficam como bombril saindo pra fora do boné).
A autoconfiança indestrutível dos Ramones no grafite da parede do Mosca Frita que fica na esquina da Fidalga com a Wisard.

segunda, 18 de julho

O picareta profissional que, ao celular, assume ares teatrais de grande negociador para valorizar o seu peixe.
Suéter de lã com gola em V e sem nada por baixo para ela. Shorts novo de uma calça Levi’s 501 recém-cortada para ele.
O trompete de Wynton Marsalis em Esta Tarde Vi Llover, música que Omara Portuondo e Chucho Valdés gravaram em seu novo disco.
A reverência e o respeito sem explicação pela fotografia dos russos e pela dicção dos árabes.
O ar estatelado de falsa gravidade da Cristiane Pelajo.

quarta, 20 de julho

A boca torta que tinha a Brittany Murphy e que lhe emprestava uma doce ironia.
A lasca de pão italiano que machucou o céu da boca.
O sono purificador e sem culpa do gato na janela.
O vaso de arruda que nasce e renasce continuamente, absorvendo as rajadas de maus fluidos

(Sob licença de Patti Smith e do seu poema Picasso a Rir)

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