TETRO

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O filme do ano, para mim, chegou quase no fechamento do ano: Tetro, de Francis Ford Coppola.
Imagens de sonho. Música estupenda de Claudio Ragazzi, Dante Anzolini, Bernardo Monk, Guillermo Vadala, Dawn Upshaw.
Tetro marca a almodovarização de Coppola, é o que parece mais óbvio.
Ao mesmo tempo que é almodovariano, Tetro revisa velhas obsessões de Coppola, como as relações irmão-pai-irmão de Rumble Fish (baseado no romance de S.E.Hinton).
La Colifata, o manicômio onde os loucos têm programa de rádio no filme, tem um adepto ilustre: Manu Chao. Foi o primeiro a me falar do lugar, uma vez, durante uma entrevista no Botequim do Hugo.
Coppola ainda escolheu o único lugar onde uma “tragédia grega” poderia acontecer no mundo contemporâneo: La Boca, Buenos Aires.
Balés estonteantes, como o da sedução da jovem Naomi, namoradinha de Tetro, pelo vaidoso pai maestro, Carlo.
Em Tetro, Coppola faz arte até das explosões controladas de fúria, e ri de nossas expectativas trágicas.
Tragédia grega moderna, com o tango e Coppelia como panos de fundo, Tetro faz Coppola renascer. Obra-prima, em minha desprezível opinião.
Alone, a implacável (e igualmente lobbista) crítica de teatro do filme Tetro, de Coppola, estava na segunda-feira no Roda Viva. Estou enganado? Tava com outro codinome, Heliodora.
Há clichês, claro. A sexualidade latina sempre escorrega quando tratada pelas mãos de um norte-americano. Alguém aí sabe se já saiu a trilha sonora de Tetro?

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Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter desde 1986 e escritor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019), Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021) e O Último Pau de Arara (Grafatório, 2021)

6 COMENTÁRIOS

  1. Por esses milagres da pirataria, assisti Tetro duas vezes em vídeo, antes de chegar ao cinema. Também fiz a conexão com Rumble Fish. Trágico. Surpreendente. Show de cinema. Daqueles filmes que ficam tamborilando na mente.

  2. Cinema de primeira. Prende na poltrona e a telona te leva ao teatro grego e referencias latinas como a de Almodovar. Como disse o Ademir, daqueles filmes que tamborilam na mente por muito tempo, talvez pra sempre. Como no Fundo do Coração, com aquela cena da Natassa Kinski brincando de equilibrista. Ficou. Teatro grego tb ficou, como o Tetro ficará. Vincent Gallo é inesquecível O ator perfeito para peça do Mario Bortolotto. Quem sabe um dia, não é mesmo? Seria demais!

  3. Filme estranho, bem diferente daquilo que se faz hoje. estanho, mas necessário. Necessário não, fundamental. Único porém é que ele folcloriza um pouco a Argentina (aquele barraco entre marido e mulher, por exemplo) e os argentinos, mas tudo bem.

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