todo dia era dia de branco

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Já se imaginou caindo, sem mais nem menos, dentro de uma aldeia indígena no coração da floresta amazônica? E, mais, tendo de repente que se comunicar numa dificílima língua indígena?

Pois bote reparo só na seguinte narrativa, que recolho do livro “Memórias de Brasileiros – Uma História em Todo Canto” (ed. Peirópolis, 2007). Quem se expressa é Teodoro Pasiku Pereira Xerente, nascido índio na aldeia Xavante Baixa Funda, em Tocantins:

“Na nossa casa se falava a nossa língua. Português é difícil. Eu me lembro da primeira vez que fui à cidade. Meu pai me levou para conhecer os brancos. Já tinha visto li na Baixa Funda um professor e as enfermeiras, mas não era muito, não. Nossa, quando cheguei na cidade, me espantei, fiquei nervoso de ver tanto branco. Fiquei com medo. Falei para o meu pai: ‘Vamos embora, papai’. E ele: ‘Não sinta medo, não, meu filho. Eles não mexem com ninguém, não’. Aí, o medo passou”.

Não é genial? Não é impressionante como tudo depende dramaticamente do ponto de vista com que a gente olha?

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