e então o galã global kadu moliterno se posicionou publicamente sobre as agressões físicas a que submeteu sua própria esposa (sim, “esposa”, porque quem tem “mulher” é traficante de escravas, né?) [você sabe, a esposa do galã diz que levou dois socos do marido (sim, “marido”, e não “homem”, que quem tem homem é traficante de escravos, né?) e registrou queixa na polícia, colaborando assim para a democratização, entre mais classes sociais, locais de trabalho, cores de olhos e tons de cabelos, da consciência sobre o inferno da violência doméstica]. dá uma espiada aí na explicação do kadu, que até agora não ouvi (ainda bem!) ninguém xingando de “monstro espancador de mulheres”:

“A minha vida pessoal sempre foi pautada pelo amor à minha família. Como personalidade pública, sou conhecido apenas pelas minhas atividades profissionais, sem freqüentar outro tipo de noticiário. E aproveito para agradecer o carinho que sempre recebo do público brasileiro, a quem procuro retribuir com muita dedicação. Lamento muitíssimo o episódio envolvendo a Ingrid, entendo a sua queixa, mas não pretendo ficar tratando publicamente de um problema de casal. Sei que errei, peço perdão por isso e pretendo corrigir meu comportamento. Mas não creio que tratar de forma pública um problema familiar seja a atitude correta. Quero deixar bem claro que não faço isso por omissão, mas por respeito aos nossos filhos, que além de vivenciarem esse clima desagradável entre seus pais, não merecem ser mais expostos desnecessariamente. Pelo amor que sinto pelos meus filhos, tenho fé em Deus que saberei achar um caminho para superarmos essa situação”.

no trecho que sublinhei, kadu parece passar um pito na esposa, pelo fato de ela ter tornado pública uma questão privada entre os dois – ué, mas nesse caso transformar em público o privado não é uma maneira de constranger o agressor, de se proteger contra a agressão? será que o kadu faria essa mea-culpa se não estivesse intimidado por esse horrível constrangimento público? quando é que faz sentido o privado passar a SER o público?

bem, ok, tudo bem, seja como for. kadu foi mais direto e transparente do que foi o presidente lula no ano passado, ao se posicionar publicante sobre os “deslizes” éticos do governo federal, não foi? indo além das desculpas envergonhadas do lula, o galã loiro admitiu o próprio erro, pediu perdão e prometeu “corrigir” seu comportamento. ulalá.

e aí, você consegue desculpar o galã loiro de olhos verdes, após tal manifestação de arrependimento? e o pagodeiro negro netinho, que pediu desculpas mais ao estilo lula (mas que também foi, assim como lula, escorraçado de forma bem mais cruel e impiedosa pela “opinião pública” loira-de-olhos-azuis do que os galãs globais lindos e os políticos brancos como mármore que costumam se “esquecer” de cobrar iptu da daslu)? você consegue desculpar o netinho?

será que, quanto menos escorraçada a gente é, mais a gente tem condições de se arrepender e se desprender das besteiras que vai deixando pelo caminho?

ou dá tudo na mesma, e o jeito é mesmo lotar o cadeião e a febem de “criminosos” abusados-abusadores?

os(as) abusadores(as) SÃO as(os) abusadas(os)?

[p.s.: você já foi assistir ao filme hollywoodiano “terra fria”, o lado subterrâneo da brokeback mountain, com a genial charlize theron na tela de frente e as músicas lancinantes de bob dylan no pano de fundo? eu queria taaaaanto que TODOS os donos de grandes empresas vissem esse filme… e todo mundo mais, também…]

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