olha só que legal isso. cobrindo o festival roqueiro carioca independente “ruído” pelo site sobrecarga, andré mansur saiu em busca dos diretores artísticos (ar-tís-ti-cos, ouça bem) para ouvir deles o porque de suas honrosas ausências no evento (só compareceu carlos eduardo miranda, pela trama – mas, desconfio, pelo que sei do miranda, mais por ele mesmo que pela trama).
na coluna barulho independente, do andré mansur, você pode ler as mais variadas desculpas esfarrapadas dadas pelos diretores ar-tís-ti-cos para passarem batidos pelo “ruído”. a mais freqüente delas, já vou adiantando, é que nosos diretores ar-tís-ti-cos têm de reservar seus fins de semana para compromissos pessoais. seus compromissos pessoais, concluo eu, não devem ter nada a ver com arte -será que ficam caçando talentos comerciais no “domingão do faustão” e no “domingo legal” (alô, max de castro, alô, lulu santos)? uai, mas esses “programas” já estão cheios de enésimas reformulações de é o tchan e lotados de pencas de “artistas” que já são propriedade exclusiva das gravadoras desses diretores ar-tís-ti-cos?
olha, é claro que tudo isso aqui é só jogo de cena. diretor “artístico” não quer mais ir a show, deve até ter medo do perigo de vir a encontrar algum talento ar-tís-ti-co, até porque não saberia o que fazer com ele. as gravdoras não contratam mais, elas só demitem. já passou do ponto reclamar que diretor artístico brasileiro não caça talentos no lugar onde os talentos moram – os shows. mas é bom que as máscaras caiam: não é de hoje que gravadora brasileira já não se ancora em arte, em artista, em talento (diretor artístico virou vaca de presépio, como bem mostra o trabalho do sobrecarga). e também já não é de hoje que gravadora brasileira se pergunta, feito barata tonta e cega em tiroteio, por que a história da nossa “grande” indústria fonográfica vem sendo uma ladeira abaixo das mais íngrimes. a explicação, gente boa, não mora no “domingão do faustão”. mora um palmo diante do nariz.
[p.s.: eu, que sou jornalista e “crítico”, também muitas vezes fico com preguiça de ir a shows (nesta semana só fui a um, do jumbo elektro, que foi beeeeeem legal, o que não me é nenhuma revelação) – nem sempre eles são legais, muitas vezes me dão um sono danado. posso tentar me desculpar, esfarrapado, dizendo que ser caça-talento não é meu ramo. mas acho que prefiro não me autojustificar, para poder deixar escrito aqui que toda “crítica” carece de um pouquinho mínimo que seja de (auto)crítica.]