Meu nome artístico é  William Love, tenho 20 anos. Sou nascido em Abaetetuba, no interior do Pará. Abaeté, em tupi, quer dizer homem forte, valente, prudente. É a terra da cachaça, do miriti, das bicicletas, das motos, do contrabando…

Eu e a Keila temos um filho de 1 ano, o Josué. A gente não temos paradeiro nem morada certa, é Barcarena, Abaetetuba, Belém.

Meu pai é vigilante, minha mãe é doméstica mesmo.

Sempre tive paixão pela música desde pequeno, de shorts, desde que era vi um esquema, um tecladista, um vocal. Foi, foi, foi, conheci meu colega Iduã, que fazia caixa de som, alto-falante, consertava, era eletricista. Comecei a gostar de fazer caixa, colocar alto-falante.

Um dia Iduã sugeriu e a gente montou um som, uma aparelhagem. No Pará, tudo é aparelhagem. Fizemos uma equipe, Galera Vip, mas a gente não tocava em nenhum lugar, só em bicicleta, carregando caixa. No Pará, um equipamento de som, uma bicicleta e umas ideias nos miolos fazem um verão inteiro.

Iduã quis montar uma banda. “Banda, cara? É doido?, montar banda? Como a gente vai conseguir os músicos?” “Não, eu canto!” “O que tu canta? Não canta porra nenhuma!” Eu também não cantava, cantar nem pensar. Eu, artista?, onde já se viu?

A gente gravou dois melody como Banda Megatim, produzidos pelo Joe Benassi. Lá na Itália o Benny Benassi canta ‘push me/ and then you touch me/ ‘till I can get my satisfaction’, o electro. Mas a gente é brasileiro, paraense, tecnomelody, electromelody.

Joelma, Gaby Amarantos, Viviane Batidão, Jéssica Batidão, Keila Gentil, Brenda Angel, é tanta mulher no melody que eu vou te contar, viu? A vó da vocalista era muito braba, corria atrás da gente com vassoura, “vocês tão levando minha neta pra perdição!, tão levando ela pra oferecer pra macho!”.

Iduã ensaiava, mas não era cantor, não conseguia cantar. A gente pensava: “Pô, quem é que vai aplaudir esse show?”. Um dia, fui lá e cantei. A galera gritou: “Eeeeeeeeeeita!, bacana!, vai ser tu mesmo!!!!”. “Eu??? Tá louco???, tenho muita vergonha!, sou tímido!, não vou cantar, não!!!”

Artista? Quem falou que eu não posso ser artista? Se você que é de Ipanema e Higienópolis pode, por que não eu, que sou de Abaetetuba, Barcarena, Ananindeua, Belém do Grão-Pará?

Falei: “Então bora lá…”. Estava todo feliz que eles tinham achado minha voz legal, cheguei lá em casa: “Puxa, mãe, vou ser cantor!!!!”. E ela, zombando: “Tuuuu? Cantoooooor????”. Mas mamãe acabou dando força. Mãe sempre acredita.

Aí foi, foi, foi…, eu e a Keila assinamos contrato com a Banda AR-15, fizemos o Eletrohits. Tempo foi passando, e a gente montou a Gang do Eletro. Treme treme treme, treme treme treme treme treme, treme que treme que treme treme que treme.

[Atualizado em 13/5/2014] Leia os outros textos da estreia de FAROFAFÁ:
Keyla GentilArtista, eu?
MaderitoEu cobrava 30 reais por música…
Waldo SquashNossa onda é fazer experiência
Pedro Alexandre SanchesLinha Higienópolis-Heliópolis

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