O Painel de Dados da Fundação Itaú divulgou essa semana os indicadores referentes ao emprego e desemprego na Economia da Cultura e das Indústrias Criativas (Ecic) no 3º trimestre de 2024. Nesse aspecto, o cenário é estimulante: a economia criativa fechou o terceiro trimestre de 2024 com 7.793.534 trabalhadores em atividade.
Isso representa um crescimento de 3% nas atividades de economia criativa, com a criação de mais de 228 mil novos postos de trabalho no terceiro trimestre de 2024 (em comparação com igual período do ano anterior). O índice é o mesmo verificado para a expansão do emprego no agregado da economia brasileira. O salário médio pago para trabalhadores da economia da cultura e indústrias criativas alcançou a marca de R$ 4,8 mil mensais, superando em cerca de 50% o salário médio da economia brasileira – de R$ 3,2 mil.
A economia criativa engloba os segmentos de moda, atividades artesanais, indústria editorial, cinema, rádio e TV, música, desenvolvimento de software e jogos digitais, serviços de tecnologia da informação dedicados ao campo criativo, arquitetura, publicidade e serviços empresariais, design, artes cênicas, artes visuais, museus e patrimônio. O resultado consolidou uma série de três trimestres seguidos de expansão de postos de trabalho no segmento. Foram criados 68 mil empregos entre o primeiro e segundo trimestres e mais 51 mil empregos entre o segundo e o terceiro trimestres de 2024.
Embora a remuneração no segmento seja maior que a média agregada da economia, persistem as disparidades por gênero e raça/cor. De acordo com o estudo, mulheres negras recebem em média 69% menos que homens brancos no setor. Segundo o Painel, os homens brancos ganham em média R$ 7,1 mil em postos na cultura e nas indústrias criativas. Os homens pretos recebem R$ 4,1 mil e os pardos, R$ 4,5 mil. O distanciamento se acentua ainda mais no caso das mulheres. As trabalhadoras brancas recebem R$ 4,1 mil, enquanto as pretas recebem R$ 2,2 mil e R$ 2,5 mil, as pardas.
Entre os terceiros trimestres de 2023 e 2024, foram criados 228 mil postos de trabalho, o que significa um crescimento de 3% no período, mesmo aumento registrado pelo agregado gral da economia brasileira. Se considerarmos somente o trabalho informal, nesse período ele cresceu +7% no setor, enquanto o agregado da economia brasileira registrou aumento de +2%.
O maior crescimento de emprego se deu no mercado editorial (+17%), design (+15%) e publicidade (+10%). Por sua vez, houve declínio em áreas como gastronomia (-13%), cinema, rádio e TV (-9%), arquitetura (-9%) e museus e patrimônio (-9%).
Quanto ao tipo de vínculo de trabalho, no terceiro trimestre de 2024, o Painel de Dados apontou forte crescimento de postos de trabalho informais na economia criativa, com um aumento de 7% frente a igual intervalo do ano anterior. No agregado da economia brasileira o aumento de vagas informais foi menor: 2%. No mesmo período, o número de trabalhadores formais na economia criativa apresentou estabilidade, com um crescimento de apenas 1%, em contraste ao aumento de 4% no total da economia brasileira. Esses dados, segundo o estudo, apontam para uma tendência de maior precarização nas condições de trabalho na indústria criativa.
Bem interessante o ponto de vista apresentado.