preguiça, preguiça, preguiça: onde andavas que eu nunca te encontrava? agora não te largo mais…
andei longe, daí a ausência. e pretendo ir ainda mais longe.
agora em férias, vai ficar mais rarefeita minha presença por aqui, mas, a exemplo do collor-maluco-de-hospício, eu vos peço: por favor não me esqueçam.
o que posso contar de novo?
vi pela primeira vez um show do roberto mendes, o paulinho da viola do recôncavo baiano.
elegante, preciso como uma caipirosca de siriguela, o homem é um dos compositores que mais frequentam o repertório de maria bethânia, a quem ele dedicou quase toda a vida de poeta.
é raro vê-lo longe de santo amaro da purificação, onde vive.
“pouco conheço da outra margem do rio”, ele disse uma vez, referindo-se ao horizonte que existe além do subaé, o rio de sua aldeia.
gostei muito, embora o barulho fosse intenso (mariana ximenes estava no show, sou fã dela, fiquei feliz de ver que uma globette pode ter algo mais na cabeça além dos clichês de aguinaldo silva e glória perez).
o show de roberto mendes era em homenagem a dona edith do prato, que morreu recentemente.
roberto estava um tanto quanto pop demais, prefiro quando ele toca mais samba de roda e chulas e menos lulu santos.
estive em lugares misteriosos, embora muito conhecidos, lugares onde negros eram comercializados como tapiocas nas feiras.
mesmo em lugares onde eu evitava a internet, eu lia o pinduca quase todo dia, e ficava com o coração quente por vê-lo se erguendo de novo, o velho combatente com os punhos em riste (ontem, por coincidência, eu revi lutador de rua, com o charles bronson, na TV, e aquele boxe primitivo e cavalheiresco me lembrou terrivelmente o velho pindas).
preguiça, preguiça, preguiça, abençoada preguiça: hoje vou tomar uns tragos.
antecipadamente, um brinde à bodega do véio, em olinda.
um brinde ao velho calixto, do genésio.
que o meu irmão sandrão consiga voltar para sua louca maria elena espanhola e sua linda sofia.
que o meu filhe ame nova orleans como eu.
um brinde à barraca do juvená, em salvador.
um brinde à espelunquinha sagrada que nos abriga em cada recanto do país.
Tudo bem seu Jotabê, tá liberado! Mas não esqueça que tem quem visite este teu espaço todo dia procurando novidades. Conheço o Roberto Mendes, creio que só pelo repertório da Maria Bethânia mesmo. Mas é sempre tão bonito o que ela canta dele!
Abraços e boas férias!