Com algumas horas de atraso, canções de orgulho negro para o dia mais colorido do ano. Ou, como já dizia Jorge Ben (Jor), em outras palavras: todo dia é Dia de Consciência Negra!
1. Paulo Diniz, “Quero Voltar pra Bahia” (1970) – um pernambucano que mora no Rio de Janeiro sonha em go back to Bahia. O território dos sem-território é o mundo inteiro.
2. Clara Nunes, “Canseira” (1971) – mestiça mineira com jeitão de falsa baiana ainda é jovem, e já está cansada da estrada; o autor da linda canção é Paulo Diniz.
3. Jorge Ben, “Negro É Lindo” (1971) – talvez sosse racista ao revés, um pedido de desculpas. Mas era “apenas” a tradução carioca do subúrbio para o “black is beautiful” dos irmãos mais bocados.
4. Zezé Motta, “Xica da Silva” (1976) – negra é linda.
5. Dona Ivone Lara e Jorge Ben, “Sorriso Negro” (1981) – negro é a raiz da liberdade.
6. Gerson King Combo, “Mandamentos Black” (1977) – dançar, amar, cantar, falar, viver, ter orgulho, curtir, saber.
7. Zezé Motta, “Senhora Liberdade” (1979) – negro é a raiz da liberdade, por Nei Lopes e Wilson Moreira.
8. Edson Gomes, “O País É o Culpado” (1997) – somos senhores das favelas, somos senhores da pobreza, somos senhores das calçadas, somos senhores das sinaleiras, superlotamos as penitenciárias. Conclusão: o país é culpado.
9. Bezerra da Silva, “Inferno Colorido” (1980) – em cada canto da cidade tem uma.
10. Gilberto Gil, “Refavela” (1977) – a refavela É.
11. Leci Brandão, “Zé do Caroço” (1985) – está nascendo um novo líder.
12. Margareth Menezes, “Negra Melodia (Soul Train Domingueira)” (1990) – like a black, black young black, american black do Brás, do Brasil, por Jards Macalé e Waly Salomão.
13. Luis Vagner, “Fusão das Raças (Pro Planeta Melhorar)” (1979) – “fusão das raças, eis uma coisa que eu acredito: um só povo, unido, livre, para o nosso planeta melhorar”.
14. Clara Nunes, “Canto das Três Raças” (1976) – ninguém ouviu um soluçar de dor no canto do Brasil?
15. Edi Rock e Dexter, “Liberdade Não Tem Preço” (2013) – não tem preço, e é direito de todos.
16. Dom Salvador e Abolição, “Uma Vida” (1971) – alegria!, alegria!, é manhã de um novo dia – ou teria sido, se a ditadura civil-militar não houvesse massacrado mais uma geração de negros e mestiços.
17. Erlon Chaves e Banda Veneno, “Eu Também Quero Mocotó” (1971) – negro é sexy, de novo por Jorge Ben.
18. Toni Tornado, “Podes Crer, Amizade” (1972) – um Pantera Negra solto em solo nacional: isso vai ficar assim?
19. Itamar Assumpção e Isca de Polícia, “Nego Dito” (1980) – isso não vai ficar assim.
20. Wilson Simonal, “África, África” (1971) – um Black Panther de direita solto em solo nacional…
21. Maria Alcina, “Fio Maravilha” (1972) – negritude, futebol, orgulho black, uma mestiça mineira arretada – e Jorge Ben.
22. Edi Rock, Seu Jorge e Leon Mobley, “That’s My Way” (2013) – pra clarear, iluminar, proteger, inspirar, alimentar.
23. Maria Alcina, “Os Ciganos” (1973) – tanto mistério: cigano é raça?, tem orgulho?
24. Racionais MC’s, “Diário de um Detento” (1997) – o funk de Mano Brown, Edi Rock, Ice Blue e KL Jay.
25. Cidinho & Doca, “Rap da Felicidade” (1993) – o rap (negro é lindo?) dos funkeiros cariocas.
26. Leandro Lehart, “Vem Dançar o Mestiço” (2008) – siga em frente, olhe para o lado, se liga no mestiço, na batida do cavaco.
27. Gaby Amarantos e Dona Onete, “Mestiça” (2012) – mestiças, como eu e você.
28. Angela Maria, “Babalu” (1958) – negromestiço cantado por negramestiça.
29. Taiguara, “Negroide” (1968) – índionegroide, como nós.
30. Wando, “Moreno” (1978) – moreno, como você e eu.
31. Bedeu, “Índia Negra” (1983) – princesa negra donzela, louvada pelo gaúcho mestiço Bedeu.
32. Bebeto, “Arigatô, Flamengo” (1982) – negra japonesa, mestiça, paulistana, príncipe do samba-rock.
33. Di Melo, “Kilariô” (1976) – clareou, pretejou, ficou tudo lindo.
34. Tim Maia, “Nissei Linda, Linda Nissei” (1980) – orgulho racial, seja qual for a sua “raça”.
35. Luiz Caldas, “Nheengara Recé Taba” (2009) – todo dia era dia.
36. Jorge Ben, “Curumin Chama Cunhatã (Todo Dia Era Dia de Índio)” (1981) – todo dia.
37. Wilson Simonal, “Moro no Fim da Rua” (1970) – onde tudo é escuro demais, por Luis Vagner e Tom Gomes.
38. Djavan, “Curumin” (1989) – Até meus lápis de cor eu já dei…
39. Paulo Diniz, “Chica Bethânia” (1972) – onde estão as cores que eu pintei teu arco-íris?
40. Raça Negra, “De Bem com a Vida” (1992) – samba-rock do Raça.
41. Sampa Crew, “Eterno Amor” (1990) – rap-pagode do Sampa.
42. Gerônimo, “Eu Sou Negão” (1985) – Meu coração é a liberdade.
43. Trio Mocotó, “Kriola” (2001) – crioula, eu quero é mocotó – do mestiço Helio Matheus.
44. Helio Matheus, “Boi da Cara Branca” (1977) – boi, boi, boi da cara branca, guarde esta criança.
45, Cassiano, “Onda” (1976) – Onda. Negra. Leva.
46. Luis Vagner, “Como?” (1979) – De Luis Vagner, para Paulo Diniz (em 1972), por Luis Vagner.
(…continua)