Muito pouco restou da memória da paulista Leny Eversong no imaginário musical brasileiro. As hipóteses são muitas e não se auto-excluem, mas a justificativa mais comum para seu sumiço é de que não cantava música brasileira, e sim gringa.
É verdade, Leny fez mais sucesso nos Estados Unidos e em sucessivas turnês internacionais do que no país de origem. Mas A Voz de Leny Eversong, de 1955, é prova do amor da cantora de vozeirão pelo Brasil.
Entre títulos como “Lamento Tupi”, “Na Baixa do Sapateiro”, “Mãe do Ouro” e “Otinderê”, o desfecho do LP de 10 polegadas se dá num festival de exaltação, num medley com “Canta Brasil”, “Aquarela do Brasil” e “Brasil”.
A bossa nova já batia na porta e o vozeirão impostado de Leny não combinava com a modernidade dos anos de Juscelino Kubitschek no poder. O lado gringo da cantora prevaleceu e ela foi cantar “Jezebel” mundo afora.
Por que será que o Brasil não reteve Leny Eversong em suas retinas e seus tímpanos?
Adoro a voz amazônica de Leny Eversong.