Entre o disco anterior Tudo (2014) e o novo Agora, Bebel Gilberto perdeu a mãe, a cantora Miúcha, e o pai, o cantor João Gilberto. Hoje com 54 anos, ela também voltou a morar no Rio de Janeiro natal, depois de três décadas em Nova York. São elementos importantes para compreender Agora, um disco especialmente soturno em que Bebel canta mais em português que em inglês.
Exemplo da atmosfera nebulosa é “O Que Não Foi Dito”, dedicada a João (antes de ele morrer), mas que poderia ser cantada também para Miúcha. “Na outra metade da vida/ você soube e fez tudo/ mas nesta metade/ vou ter que tentar te ensinar/ o que não foi dito/ já estava escrito”, diz a canção. Também nubladas, por vezes tristes, são “Tão Bom”, “Cliché”, “Essence” e “Teletransportador”. Mais alegres são o sambinha ao pé do ouvido “Agora”, a eletrônica “Na Cara” (“por que não fala na cara/ por que não diz o que pensa?/ se nunca pensa o que fala/ pra que viver de mentira?”), com Mart’nália, ou a feiticeira “Deixa”. “Bolero”, em espanhol, fica num meio termo inventivo.
A resenha poderia ser um pouquinho maior,rs.