A estética de um cinema oitentista, de Chico Botelho e Wilson Barros, em filmes como Cidade Oculta e Anjos da Noite, voltou com força na linguagem do videoclipe deste final de década do século 21. A direção dos clipes da cantora Céu e o rapper Emicida foi a mais hábil nessa importação de códigos, perceptíveis bastante por quem viveu aqueles anos. Significa, principalmente, que o artista da música é colocado no centro da sua esfera emocional, como ator de si mesmo, e a cidade em que vivem é parte fundamental do cenário. Nostalgia de si mesmo. Eis a nossa lista “Os melhores videoclipes de 2019”
1) AmarElo, Emicida, Pabllo Vittar e Majur
Com grande respeito e delicadeza, Emicida coloca em cena a presença transexual periférica no mundo do hip hop macho e monotemático, ampliando a discussão a partir dos próprios territórios excluídos. Visão simbólica de uma ponte entre mundos e expressões artísticas, é um notável trabalho audiovisual. (Jotabê Medeiros)
2) Coreto. Céu
Apká, álbum novo de Céu, é um dos grandes discos do ano. As faixas tocam em política, algo necessário e praticamente inevitável no Brasil de hoje. Mas como diz o título de outro grande disco da temporada, “O Amor É um Ato Revolucionário”, de Chico César, o tema mais cantado em todos os tempos também lhe cai bem. Amar e festejar são formas de resistir e “Coreto” é ponto de equilíbrio. (Zema Ribeiro)
3) Oração. Linn da Quebrada.
Gravado numa igreja abandonada na periferia de São Paulo e atacado ferozmente pela polícia paulista, o clipe Oração celebra a liberdade, a autonomia e a dignidade dos corpos negros transexuais, submetidos a mais de cinco séculos de maus tratos reiterados – inclusive durante a gravação. (Pedro Alexandre Sanches)
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