A série de concertos Cem Anos da Cripta da Catedral da Sé abriga um nome de respeito neste sábado, 19: a pianista erudita paulistana Clara Sverner, de reconhecimento internacional, que foi parceira do grande Paulo Moura, apresenta um recital inédito no qual aborda a transição da São Paulo do século 19 à Semana de Arte Moderna de 1922.

O que relaciona a construção da Catedral da Sé à Semana de Arte Moderna de 1922? Em seu recital, a pianista abordará o tema, executando composições nacionais e internacionais de um período que marca a transição de São Paulo de uma cidade média para a maior metrópole do Hemisfério Sul. No programa, peças de Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Glauco Velazques, Claude Debussy e Heitor Vila Lobos.

A atual Praça da Sé foi fruto de um esforço de modernização do centro da capital nos anos 1910, No processo, foram demolidos quarteirões de edifícios, incluído a Velha Sé (como era conhecida a antiga Catedral). A Semana de Arte Moderna de 1922 coroava essa mentalidade de rompimento com os paradigmas do século anterior. Na época, Guiomar Novaes, então com 28 anos, já era uma pianista consagrada e tocou na semana.

O repertório de Clara Sverner faz referências a esse momento histórico, com peças ligadas à atuação de Guiomar Novaes. “Guiomar foi aluna de Fúrio Franceschini, que era o mestre de capela responsável pela música na Catedral da Sé à época. Ele também era amigo de Mário de Andrade e Oswald de Andrade. O pai de Oswald de Andrade, inclusive, foi um dos financiadores da construção da nova Catedral da Sé”, afirma Camilo Cassoli, diretor geral da Série de Concertos 100 Anos da Cripta da Catedral da Sé. Sobre Franceschini, Mário de Andrade declarou à época tratar-se de “incontestavelmente um dos homens que mais conhecem música no Brasil”.

A iniciação musical de Clara Sverner foi com o celebrado mestrer José Kliass, em São Paulo. Posteriormente, ela estudou no Conservatório de Genebra, onde recebeu uma medalha de ouro, e o Mannes College of Music, de Nova York (estudou com Leonard Shure, assistente de Arthur Schnabel). Também foi premiada no Concurso Internacional Wilhelm Backhaus e, desde a adolescência, se habituou a tocar para plateias europeias, norte-americanas, asiáticas, do Oriente Médio e do Brasil. É atribuída a Clara a revalorização de obras de Glauco Velásquez e Chiquinha Gonzaga, a quem dedicou diversas gravações.

Em 2019 a Cripta da Catedral da Sé completa 100 anos e foi reaberta pela comunidade para receber música e plateias. Os eventos são todos gratuitos, e ocorrem aos sábados, às 16 horas (são 80 e 120 lugares cada, a depender do local onde são realizados).

 

 

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