A MALDIÇÃO DE PARKER

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Acho que ninguém vai entender do que estou falando – ou talvez só alguns poucos, como Arrigo Barnabé, meu irmão Jackson, a cartunista Laerte Coutinho, o Luiz Carlos “Careca” Sonda, o editor Wagner Augusto, o dramaturgo Mario Bortolotto. Todos eles fãs dessa história em quadrinhos.
O lance é que me dei conta somente ontem, lendo os dois primeiros episódios da nova série de Ken Parker (lançamento Cluq), que o Parker é um pusta dum herói trágico. Toda mulher que ele ama morre.
O que o impele a vagar solitário pelas pradarias é menos sua vontade do que uma maldição – tudo que ele toca se esfarela. Como ele é o clássico herói pioneiro de um mundo em formação, seu destino romântico me pareceu um recurso ainda mais genial de Berardi e Milazzo, os italianos que criaram esse fabuloso western spaghetti lá pelos idos de 1980.
Ken Parker vaga por um mundo em franca desaparição, um mundo que (relendo agora suas histórias) me parece dolorosamente atual. Seus amigos índios, invariavelmente, morrem em seus braços ou desaparecem na neve para nunca mais serem vistos.
Por cortesia do editor, recebi essa semana os dois primeiros exemplares do relançamento da série inédita italiana publicada a partir de setembro de 2000 até outubro de 2002. São 35 histórias.
“Silêncio Branco” é um thriller insidioso, uma história de final duro e surpreendente. “Os Selvagens” é já o mergulho na crueldade de um País em gestação.
É uma edição limitadíssima, somente para fãs. 300 exemplares apenas de cada história, todas completas.
Capa dura, lombada quadrada, um luxo.
Tem que escrever para o Cluq para conseguir um exemplar, enviado pelo correio.
Ken Parker está na base da minha formação cultural. Foi ali que eu, ainda moleque em Cianorte, ouvi falar pela primeira vez em Walt Whitman. E em Jack Johnson, o boxeador. E conheci algumas peças de Shakespeare. Não estou brincando. É um faroeste, o maior de todos os tempos.


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3 COMENTÁRIOS

  1. "Ken Parker, the outsider". Lembra do título. Texto no qual dividi assinatura com você – o único, infelizmente – na já distante passagem pelo curso de Comunicação da UEL. Eu me lembro bem. Comprei alguns exemplares em italiano. Uma beleza! Ah, JB, impressão minha ou teu irmão, o Sandro, tá a cara do teu pai? Roberto Francisco

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