Leivinha, anfitrião dos festivais de Águas Claras, lendário Woodstock brasuca, está de volta ao show biz e luta para conseguir realizar a quinta edição do seu mitológico evento em Brotas
Numa pequena pousada na Chapada dos Guimarães (MT) vive um personagem que é uma espécie de Moisés para a bíblia dos festivais de música do País: o advogado Antonio Cecchin, o Leivinha, de 62 anos. Ele foi o realizador, há 40 anos, do primeiro grande festival do País, o Festival de Águas Claras, no interior de São Paulo, que atraiu 235 mil jovens em suas quatro edições para uma bucólica fazenda em Iacanga (cerca de 400 km da capital).
Passados 31 anos de sua última edição, o festival de Águas Claras anuncia seu retorno – fechou a data definitiva entre os dias 21 e 23 de abril de 2016, em Brotas, interior de São Paulo.
Em setembro, para festejar os 40 anos, o festival exibirá em diversas cidades do País (estão previstas Rio, Recife, Salvador, Porto Alegre, Curitiba e Chapada dos Guimarães) um documentário sobre aquele festival, dirigido pelo cineasta Thiago Mattar (em São Paulo, uma banda tocará durante a festa, cujo local e horário ainda será anunciado).
Leivinha, de novo, capitaneia o sonho. Desde que parou com o show biz, viveu como fazendeiro na própria fazenda de Águas Claras, e depois militou como advogado em Cuiabá (MT). Hoje, administra a pousada e um restaurante na Chapada, e segue advogando.
Leivinha falou sobre seus planos para a quinta edição do festival, que poderá ser realizada em propriedade próxima ao rio Jacaré-Pepira, em Brotas, paraíso das cachoeiras e esportes radicais, com estrelas como Tulipa Ruiz e Nando Reis.
Quantas vezes você pensou em reeditar o Festival de Águas Claras e por que nunca deu certo?
As vezes em que pensei reeditar, após o de 1975, deram todas certo; fiz a Noite Colorida do Som, no Morumbi, com Gil, Zimbo Trio e Mutantes, e fiz os festivais de 1981,1983 e 1984. Depois disso não senti o astral necessário para fazê-lo, motivo pelo qual guardei a ideia junto com a intenção de contar a historia em livro.
Qual a diferença entre o festival de Águas Claras, que completa 40 anos, e o Rock in Rio, que completa 30 anos, em sua opinião?
Primeiro, o ineditismo no Brasil. Segundo, porque o Águas Claras foi um evento que trabalhou exclusivamente com música brasileira, fosse rock, instrumental, bossa nova, MPB e outras, e terceiro foi feito em um local atípico no interior do Brasil em uma fazenda com a permanência dos participantes no local.
Todo festival tem um show mítico. O Rock in Rio foi o Queen. Qual foi o de Águas Claras? João Gilberto?
Não foi só João Gilberto. Tivemos Raul Seixas em 81 e também Egberto Gismonti. O motivo de que as apresentações míticas em Águas Claras tenham sido de músicos nacionais se deve ao fato de que a programação prestigiava exclusivamente a música brasileira, e João Gilberto, segundo me consta, nunca havia tocado em festivais de música ao ar livre e para tantas pessoas, sem qualquer problema. Ele gostou tanto que declarou à Veja que o festival “era a coisa mais linda que tinha vivido”.
Quantos anos você tinha em 1975 e do que viveu desde então?
Tinha 22 anos, continuei fazendo festivais e shows até os 35 anos, quando fizemos o Festival Alto Astraldo, para recepcionar o Cometa Haley em Chapada dos Guimarães, incrementando os Festivais de Inverno na região.
Quanto você acha que seria necessário para fazer uma edição histórica de Águas Claras?
Em torno de aproximadamente R$ 10 milhões.
Quais festivais você foi nos últimos anos e qual você considera que é o modelo ideal de megafestival?
Continuo achando que o modelo de Águas Claras ainda funciona e sai do paradigma dos festivais atuais, é uma mistura de música com colônia de férias, transformando tudo numa grande quermesse, com circo ao ar livre durante os intervalos, apresentação de todas as artes. Enfim…
Qual foi a banda que você pessoalmente viu no Águas Claras e que considera que foi o grande show da sua vida?
Trabalhando como trabalhei, não consegui a proeza de assistir o grande show da minha vida.
Qual artista internacional você gostaria de ter em seu cast este ano? Que grande artista do rock ou do pop você admira?
Como eu disse, a filosofia de Águas Claras sempre foi a de contemplar a musica brasileira. Gostaria que se apresentassem os grandes nomes de nossa musica, independentemente do gênero musical. Mas tenho um sonho, porém impossível. Um show do Led Zeppelin ou Yes.
Você acha que o deslocamento de milhares de jovens para uma região como Brotas é um trânsito cultural ou uma colisão cultural? O que acontece nessas situações?
Em Iacanga, em razão da época em que ocorreu o festival, tivemos um choque comportamental e cultural, muito embora tenha ocorrido também um razoável trânsito de cultura, principalmente entre as pessoas que acamparam no local, pois ali trocavam informações sobre o modo de vida, música e cultura. Vinham dos mais diversos pontos do País e do mundo, justamente em uma época de total fechamento de informações, por causa da ditadura, e também porque naquela época as informações chegavam sempre com muito atraso no interior do Brasil. Hoje com celulares, smartphones, internet, as condições para a população de diferentes lugares, mesmo não vivenciando, conhecerem o comportamento e cultura de outros ficou muito mais acessível. Por este motivo, creio que o Festival em Brotas será muito mais de trânsito cultural do que de choque entre culturas.
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Salvador,24 de agosto de 2023
Exmo. Sr. Prefeito de Águas Claras.
Parabenizo essa cidade onde a juventude me pareceu, diante da apresentação do nosso saudoso João Gilberto, muito atualizada e de enorme gosto musical, que me surpreendeu, diante do nosso ícone com um aplauso que mereceu destaque nacional. Muito ovacionado teve que voltar no final da sua apresentação diante de tantos aplausos merecidos de seus jovens fãs. Foi uma apoteose que lhe fez voltar a cantar mais uma joia musical do seu rico acervo. Embora essa apresentação tenha ocorrido em, 1983, no festival de inverno, jamais tiraria o brilho desse vídeo muito assistido até nos dias de hoje.
Parabéns a essa juventude que mostrou um apuradíssimo gosto musical na época.
Cordiais saudações ao prefeito e a toda essa juventude reconhecida a cultura musical brasileira.
Carlos Alberto Guimarães de Sá- Menciono também – claro- esse grande baluarte que inventou o festival que me refiro. Um gênio. Parabens.