Quinta-feira é dia de encontro marcado com “The Voice Brasil”, certo? Errado, tremendamente errado. Pelo menos não hoje, não para quem está em São Paulo e muito menos para quem tem vontade de conhecer de perto o que há de mais criativo, inovador e generoso da música brasileira deste início de século. A 3ª edição do Terruá Pará na capital paulista realiza a segunda e última noite desse espetáculo que tem o dom de reunir artistas, movimentos, ritmos e gêneros musicais, cores de pele, classes sociais, identidades e crenças culturais diversos, mas que juntos no mesmo palco formam o mais belo mosaico das autênticas Vozes do Brasil.
O formato é o mesmo que marcou as edições anteriores, de 2006 e 2011, mas as novidades são muitas. Uma novíssima geração de músicos, das mais variadas vertentes, foi escolhida por uma comissão julgadora que selecionou 12 artistas de um conjunto de 72 pré-selecionados em um total de 300 inscritos. É como “The Voice Brasil”, com a diferença de que os curadores desse espetáculo não estão ali para se autopromoverem, mas para promoverem a música brasileira.
O produtor gaúcho Carlos Eduardo Miranda assina a direção geral do Terruá Pará e a direção musical é da pernambucana Cyz Zamorano – sim, os ex-jurados do programa “Ídolos”. São eles que costuram milimetricamente a união de mestres da guitarrada, orquestras de violoncelistas, cantores de carimbó, DJs de tecnobrega e eletromelody, violonistas eruditos, intérpretes de MPB, ídolos do brega e que tais. A fusão da novíssima geração com mestres e músicos consagrados do Pará resulta num sofisticado e elaborado show de 30 canções, em pouco mais de duas horas de duração – que voam, importante frisar.
Imagine aboletar-se na poltrona de um teatro, no caso o Teatro das Artes, no Shopping Eldorado, e começar ouvindo “Matinta Pereira” na voz e performance da Nazaré Pereira, imediatamente saltar para o hipnótico Jaloo, ser agraciado com Luê no palco, surpreender-se com uma arrepiante e acelerada canção de Rafael Lima, rememorar “Conto de Areia” (música consagrada na interpretação de Clara Nunes) na voz de seu autor, Toninho Nascimento, apaixonar-se pelas belas apresentações de Natalia Matos e Nanna Reis, ensaiar passos na poltrona ao som dos pai e filho Manoel e Felipe Cordeiro, ver o público em sua volta jogando os braços para o alto com Renan Sanches, vocalista da banda de tecnomelody ARK, descobrir que o brega de Juca Culatra e rock’n’roll de João Lemos (Molho Negro) e Sammliz podem conviver harmoniosamente e, ao final, junto com a plateia inteira de pé “tremer” e ter “piripaques” com DJ Waldo Squash e Gang do Eletro.
A descrição acima pode soar estranha e carregada de ??? com tantos nomes pouco desconhecidos. Mas isso não é a essência e o bacana do programa global de televisão, descobrir o novo? Irônico saber que The Voice Brasil, que garante estar procurando “a voz do Brasil”, perdeu uma chance de ouro ao ignorar o potencial de Nanna Reis. A cativante cantora e compositora de 22 anos participou das seletivas do programa da TV Globo. “No final não entrei, mas fui lá vendi meu peixe, deu meu recado, e aí que eu tenho mais uma história pra contar”, lamentou em seu perfil no Facebook. Resgatando os ritmos de raiz, tradicionais da música paraense e fundindo-os com a sonoridade afro, a artista com traços indígenas marcantes é uma legítima representante da efervescente cena musical paraense, há tempos a mais importante do Brasil.
Terruá Pará
Teatro das Artes, avenida Rebouças (shopping Eldorado), 14 de novembro de 2013, a partir das 21 horas
Ingressos na bilheteria: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)
De ontem até sábado (16/11/13) estará acontecendo em Porto Alegre o Acorde Brasileiro 2013, festival de música regional brasileira, com músicos de todo o país. Além das apresentações musicais gratuitas a noite, o evento proporciona oficinas e palestras para o publico, interessado, no período da tarde. Tudo isto em um espaço cultural central, de qualidade e gratuito. Assiste ontem a noite a cantora paraense Lucinha Bastos. Excelente.
Programação (http://www.acordebrasileiro.com/#!acorde/c1h6a)
Que raaaaiva eu só saber isso agora, de viagem marcada bem na hora do show!!!! Raiva, raiva, raiva!!!! rs
De fato, será o melhor que há na nova música brasileira. E com o detalhe de promover os artistas em começo de carreira. Diferente daquela xaropada que é o the voice Brasil, em que os “jurados” são um pé no saco, e estão lá claramente para se promover ao custo de caras e bocas e vozes nem tão melodiosas assim. Uma piada o The Voice Brasil, já que faz tudo, menos alçar o artista a condição de artista, haja vista que Carlinhos Brown (chato), Claudia Leite (desafina prá caramba), Lulu (já foi), e Daniel (poderia estar cantando em outro lugar e não como jurado), exceto Daniel, os outros cada qual tem o ego maior do que outro. Difícil levar a sério um programa daqueles, na outra edição perdi tempo assistindo, agora não perco mais.
A mente desse povo é movido pela inveja, é impressionante, a musica brasileira atual é insuportável, por mais que não goste da globo esse programa conseguiu resgatar alguma esperança em relação ao tema musical no Brasil já enterrado faz tempo por nossos governos populistas que consideram o funk como cultura.