O autor de “Me Chama” (1984), “Corações Psicodélicos” (1984), “Decadence avec Élegance” (1985) e “Vida Louca Vida” acaba de lançar mais um “Blá Blá Blá”, ops, uma música, chamada “Eu Não Vou Deixar”. A canção vem acompanhada de texto-bula, no qual Lobão procura explicar a si mesmo: “A unidade é o indivíduo e sem o florescimento integral de cada indivíduo, teremos, invariavelmente, uma coletividade de frouxos, de elementos sem voz própria que vivem a papagair (sic) chavões bregas e clichês esgarçados. São eles os Fora do Eixo,os Midia Ninja,os Black Blocs, os movimentos Passe Livre. Todos um monte de bundamoles frouxos que se resguardam em coletivos para camuflar suas abissais desimportâncias. Pois bem, meus amigos, aqui está esse grito de guerra contra esses frouxos sempre deixando claro que um frouxo unido jamais será um indivíduo”.

A dez dias de completar 56 anos, o cantor e compositor bundadura, provável antítese do que supõe criticar, afirma que fez “questão de gravar todos os instrumentos para mostrar que um indivíduo inteiro estará sempre muito mais apto a fazer uma coletividade infinitamente melhor do que esses imbecis que teimam em começar pelo lado oposto”. Paradoxos do rock’n’roll: trata-se de um roqueiro que já se declarou “de direita” fazendo manifesto musical contra jovens de esquerda.

Lançado ontem (30/9), pela gravadora Deckdisc, o vídeo tinha em menos de 24 horas 10 mil acessos e (pura coincidência) 171 (?!) comentários. Alguns são dignos de citação:

Don Pivito Corleone 13 horas atrás
Me diz um músico desse país,que produz um som dessa qualidade,com esse peso,com esses timbres,gravando todos os instrumentos?!…..ESSE É O LOBÃO.

Webert Pacheco 20 minuto atrás
A música é uma bosta. Tem duas frases melódicas e um monte de barulho mal feito. A letra é coisa de gincana de escola.

Diego anti-Communist 2 horas atrás
Música para deixar os comunas assustados, Lobão é muito importante para o Rock e ainda começou a andar com o mestre Olavo. Nunca é tarde para mudar.

Marcos Taranta 5 horas atrás
Esse comentário recebeu votos negativos demais
lobão e essa mania agora de ser extrema direita… tão lamentável como os extremistas de esquerda que ele tanto critica =S

Fernando França 3 horas atrás
O novo colunista da Veja trabalha pra foder os ralés e eles o idolatram.
Essa hora ele deve estar rindo deles com um sarcasmo típico de burguês revoltado.

Manoel Magalhães 17 horas atrás
Tipo de musica boa que a Lei Rouanet nunca será capaz de nos proporcionar!

A música, em si, nasceu com o propósito de posicionar Lobão contra o movimento Fora do Eixo e outros coletivos. Escreve ele: “Depois de um tempo razaoável (sic) achei de bom alvitre produzir uma canção, não só para registrar com alguma picardia sua amarelada, mas para também acender uma luz em cima desse novo/velho tipo de hiponga maoísta/digital que inpregna (sic) nossos dias com pseudo novas ideias e com aquela prosódia evasivo/neotropicalista que ninguém entende coisa alguma do que eles estão falando”.

É um manifesto do bloco do eu sozinho, de milhares de “eus sozinhos” que, ao final e como todos, vão morrer sozinhos.

LOBAO

 

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28 COMENTÁRIOS

      • Argumentação? É o texto de um blog. Desde quando blog tem que ter argumentação? É apenas uma nota. Vejam o próprio Lobão – de quem, pelo visto, vocês são tão fãs – que grasna e grasna sem argumentos – ou, quando os tem, são inventados por sua própria visão tão única e individual que beira a loucura.

        E computação, “Tio Marlon”?! O cara é mestre em Ciências da COMUNICAÇÃO.
        Está com a leitura um pouco falha para quem quer criticar um jornalista, hein?

  1. Tinha uma época em que a gente acreditava na mensagem da música, na força do rock. Hoje, desde o exemplo PT x PSDB, Democratas x Republicanos, Trabalhistas x Conservadores, os quasi-iguais se digladiam por palavras faladas e escritas. Quem se beneficia com essa discórdia? No caso do Lobão, ele dificulta uma admiração mais do que justa ao seu talento. Ouvindo a música que gravou sozinho, sem ter lido ou escutado suas opiniões políticas, a gente sente uma força, uma energia criativa, uma pegada inquestionável. O mesmo não ocorre com a explicitação do seu pensamento não musical. Suas idéias e posturas são polêmicas e provocam reações extremadas, excludentes, radicais. Na Era da Diversidade a busca pelo entendimento fica sufocada pela batalha dos egos, dentro e fora dos eixos… hehehe.

  2. Cara, se vc tiver um mínimo se auto-crítica vai saber q esse texto ficou uma merda!
    Sério, pq vcs acham q não precisam argumentar!!?!? Qta estupidez!

  3. Lobão, entrou pro time dos que viveram o bastante para estragarem suas obras.

    Lamentavelmente ainda tem uma mentalidade maniqueísta dos idos de guerra fria; do bem e mal, direita e esquerda, comunas e reaças.

    Entre um Capilé (e todos seus defeitos) praticando a pluralidade da mídia independente e um Lobão colaborando com a Veja, bom, eu fico com os comunas.

  4. O comentário retirado do youtube do webert pacheco foi o melhor.Foi o único que não se deixou levar pelo marketing batido do discurso raso do pseudopolitizado. Lobão é um músico (?) medíocre mesmo, não faz sucesso e jamais faráMas o que ele fala da mídia ninja, do discurso do capilé, dos black blocks e do mpl,concordo na íntegra.

  5. O Lobão é fruto de uma geração que se alicerçou no individualismo e coloca o sujeito como o cerne de tudo. Essa geração que aí está busca recuperar o senso de coletividade e de auxilio mútuo. Não se trata da velha (e porque não superada) dicotomia entre direita e esquerda, mas sim de se tentar tornar as pessoas serem sociais e não individuais. Prova disso é que todos esses movimentos citados por Lobão tem ideologias e propostas distintas, mas o que tem em comum é a força de lutar e buscar JUNTOS uma sociedade melhor, ainda que o conceito do que seja uma sociedade boa seja distinto para cada grupo que vai às ruas. E é exatamente essa vontade de lutar junto que é o grande mérito dos movimentos. A ideia do Lobão em criar um disco sozinho para mostrar que o indivíduo é capaz sozinho mostra apenas o seu espírito pequeno e pouco crítico. Serve bem como colunista à classe leitora de Veja, pois parte dessa geração, público alvo da revista, formada por pessoas conservadoras, aprendeu que ser sozinho é melhor que, que o individualismo é mérito, e ao final de tudo, não sabe distinguir individualismo de egoísmo.

  6. É isso que ele quer, que falem dele já que ele não deu certo como nada que tentou na vida.
    Agora se diz uma cara da “direita” pra ver se tem o que sempre quis fama aff…

  7. O Lobão é sensacional, baita músico, articulado e engraçado ao mesmo tempo.

    Com a maturidade conseguiu achar o calibre exato do seu tiro.

    Parabéns Lobão!!!

  8. Existem inúmeros casos de canções de rock fascistas, nazistas, de direita etc. O curioso no caso( nao vou nem falar do passado dele) é que alguém que se diz a favor do individuo se alia a uma revista reaçonaria (que representa um COLETIVO altamente conservador). No mais tá tudo em casa: a música serve pra tudo, isso é democracia, ela serve até pra ser contra a democracia, caso do Lobão.

  9. Esse é o Lobão, fazer o quê? Tem que chamar a atenção para o que está lançando. Lembro que já malhou Guimarães Rosa, Chico Buarque, Caetano Veloso (de quem recebeu uma ótima resposta) e agora sobrou para a esquerda (ou o que algumas pessoas entendem por isso). O inteligente, o construtivo agora é ser de (extrema) direita. O nosso Tea Party midiático, fala sério, é lamentável.

  10. sem a idolatria idiota de passar por cima dos erros que foram muitos, Lobão é sem dúvida um músico espetacular e um ser humano genial. No seu texto você simplesmente tenta o desqualificar sem rebater as afirmações que ele faz. Se limita a colocar aspas e dar uma cutucadinha aqui ou ali. O fato é que ele é um hitmaker com várias músicas estouradas, e é dele a música mais tocada na década de 80.
    Outra coisa que chama a atenção é que as pessoas que não gostam dele, além de tentar ridiculariza-lo sem rebater seus argumentos, sempre fogem do debate com ele. No caso do Capilé que foi citado no texto. Eu vi no Facebook dele (Capilé) ninguém me contou não, ele desafiou quem quisesse debater com ele sobre cultura. E o lobão aceitou e o convidou para um debate. Diga-se de passagem, o Capilé num primeiro momento aceitou o convite e depois arregou. Posteriormente usou a tática da patota, começou a fazer deboches e tetou desqualificar o Lobão. È como exte texto que diz nada com coisa alguma. Isso só o fortalece, não por acaso seu último livro é um sucesso de vendas.

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