O SOPÃO DE HOLLYWOOD

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Três quadras para baixo da Calçada da Fama, na direção da La Brea, a fila se estendia por uma quadra inteira.
Era o Sopão de Hollywood.
A perua com os potes de sopa ficava baseada na Sycamore Avenue, número 900.
Fiquei encafifado e fui até lá para conferir. Fiz duas fotos. Mal terminei de fazer a segunda, um cara da Ong que tava alimentando o povo veio apressado até onde eu tava e disse:
“Você não deveria estar aqui fotografando essas pessoas que estão sob pressão social”.
Pedi desculpas, o cara tinha razão, e me mandei.

Nunca vi tantos homeless em Los Angeles como agora.
Na rua em que me hospedei, Beverly Boulevard, eles andam para lá e para cá com carrinhos de supermercado cheios de bagulhos.
Ficam sentados a noite inteira nos pontos de ônibus.
Tem muitos jovens entre eles, gente com cara de junkie, rosto fundo, sulcado.
Tem muito doido, caminham falando sozinhos.

Paisagem que para a gente é até corriqueira, mas que é nova por ali (Nova York sempre teve bastante homeless, mas parecia sempre uma coisa meio excêntrica, como os clochards parisienses).

Em Hollywood, até o Exterminador do Futuro tá usando parafuso recondicionado.

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Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter desde 1986 e escritor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019), Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021) e O Último Pau de Arara (Grafatório, 2021)

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