FRED

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marcha da blank generation de fred forest em 1973, no centro de são paulo

em outubro de 1973, durante a 12ª bienal de são paulo, um francês maluco chamado fred forest organizou um happening que consistia no seguinte: ele juntou 10 assistentes com cartazes em branco e rumou para o centro da cidade de são paulo.
passou em marcha pela praça da república, pela sé, e de repente se viu cercado pela polícia.
cartazes de protesto em branco? o pessoal da repressão achou que era uma ironia em relação ao governo militar. e era.
levaram fred forest para o dops e o interrogaram.
mas qual a acusação?
“a france presse estava lá, toda a imprensa estava cobrindo, então tiveram de me soltar”, lembra forest. “não sou um herói, eu tinha a cobertura da imprensa estrangeira, sabia que não me fariam nada”.
hoje, aos 75 anos, ele desembarcou em são paulo e apareceu aqui na redação de táxi.
não sabe dizer nem “e aí?” em português, mas veio anunciar sua nova empreitada na cidade, que não posso dizer agora do que se trata.
adorei o velho forest e sua ousadia.
ele disse que acha que a imprensa é uma espécie de portal que atua como um filtro para o poder. quando se penetra nessa rede de proteção, o artista consegue atuar e forçar o poder a ouvi-lo.
ele vive de fazer essa mediação com o poder midiático.
uma vez, conseguiu publicar espaços publicitários em branco em jornais franceses, como o le monde. sua intenção era que o leitor, acostumado à imposição da publicidade, usasse aqueles espaços em branco para fazer intervenções.
ele pedia que, depois de usá-los, o leitor os enviasse para si.
fred diz que, muitas vezes, sua “arte sociológica” pode ser vista como “ingênua”, mas ele não se importa. o que quer é provocar.
voltaria hoje para paris, mas retorna em breve.

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4 COMENTÁRIOS

  1. na verdade, zema, o velho fred está se lançando anticandidato à presidência da bienal de sp (tá todo mundo pulando fora desse barco, e ele resolveu encarar de zoeira; é uma performance).
    é que uma colega aqui ia escrever sobre isso e eu não quis adiantar.

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