olha, não sei se vai haver barulheira reativa à direita (ou vai haver silêncio ensurdecedor, será?), mas eu fico muito, muito, muito feliz com esta tremenda notícia aqui, ó:

“‘Tropa de Elite’ vence Urso de Ouro em Berlim
Da Redação

O filme brasileiro ‘Tropa de Elite’, de José Padilha, foi o vencedor do Urso de Ouro de Melhor Filme em Berlim. O Urso de Prata ficou com o documentário sobre tortura em em Abu Ghraib ‘Standard Operating Procedure’, do norte-americano Errol Morris.

‘É difícil expressar sentimientos em qualquer língua. Costa-Gavras é um herói para todos na América Latina, por todos os filmes que fez’, disse o diretor brasileiro ao receber o prêmio das mãos do presidente do júri, o diretor franco-grego Constantin Costa-Gavras.

Apesar da recepção majoritariamente negativa que teve na mídia internacional -a produção brasileira chegou a ser chamada de ‘fascista’ pela revista americana ‘Variety’-, ‘Tropa de Elite’ desbancou os favoritos ‘Sangue Negro’, de Paul Thomas Anderson, e a comédia ‘Happy-Go-Lucky’, de Mike Leigh (…)”.

e só fazendo uma ressalva ao texto escrito ali pelo uol: pelo que me conste a “mídia internacional” que tachou “tropa de elite” de fascista foi a americana, quero dizer, a norte-americana, ou melhor, a estadunidense [p.s.: ou eu tô falando bobagem?, a imprensa européia também caiu de pau?, alguém sabe?]. aquela mesma que a gente dificilmente vê tachar de “fascistas”, com a mesma desenvoltura, filmes de rambo, filmes (ou governos) de schwarzenegger, guerras no iraque (p.s.: e kill-bills – já reparou a chacina de latinos e orientais que costumam ser os filmes do darling tarantino?) e tal e coisa.

por sinal, o filme que ficou em segundo lugar, ao que dizem, fala sobre tortura em abu ghraib. o vencedor fala sobre tortura no brasil, ou melhor, na américa do sul, quero dizer, na américa latina, digo, na américa, upa, no mundo. aqui, neste “depósito” de “marginais” (ex-)escondido nos “porões” da “américa”. não sei se o filme de abu ghraib tem sido “denunciado” como fascista pela “mídia internacional”, por quem costuma aceitar, legitimar e financiar silenciosamente torturas e fascismos a granel. do filme que ficou em primeiro lugar, eu sei.

cê tá entendendo?

mas, só para ser ainda mais explícito: meus parabéns a este brasil que quer se ver cada vez mais e se mostrar ao outro cada vez mais. e não àquele brasil sempre sufocado em fumaça, névoa e lacerdismo (que, graças aos orixás, cada vez mais parece encolher). parabéns para o padilha, para tu, para mim, para nós.

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Editor de FAROFAFÁ, jornalista e crítico musical desde 1995, autor de "Tropicalismo - Decadência Bonita do Samba" (Boitempo, 2000) e "Como Dois e Dois São Cinco - Roberto Carlos (& Erasmo & Wanderléa)" (Boitempo, 2004)

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