O Museu da Marinha, colado ao Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, é obviamente chapa-branca. Está ali para elogiar feitos navais. E está cheio de cópias, algumas bem malfeitas.Mas havia fila enorme para entrar no mosteiro e sobrou o museu para uma pequena e rápida visita.
Na última sala, uma descoberta interessante: era uma câmara biográfica que reunia pertences do último rei de Portugal.São dele essas pinturas e esquetes aqui, que fotografei de uns slides que ficam passando.
Dom Carlos de Bragança, Carlos I, ficou conhecido como O Oceanógrafo, por conta de sua paixão pelo mar. Era meio galego, aloirado, e gordinho.Tinha um iate decorado com bom gosto, com duas cabines, uma dele e uma para a mulher, Amélia (que emprestava o nome também ao iate). Tinha um pequeno bote, com o qual ficava à deriva pintando ou observando a vida marítima.
D. Carlos de Bragança era um déspota, como todo rei. Governou durante 36 anos, a partir de 1863. Perdeu os territórios africanos para os britânicos logo no primeiro ano de governo.
No dia 1º de fevereiro de 1908, a família real passeou em carruagem aberta até o Palácio das Necessidades. Ao atravessar o Terreiro do Paço, foi atingida por disparos vindos da multidão. O rei Carlos I morreu na hora. O herdeiro da coroa, Luís Filipe, foi ferido mortalmente e morreria logo depois.O assassinato do rei precipitaria a queda da monarquia. Após um período de dois anos de regência, acabou-se.
Só uma observação: D. Carlos não foi o último rei de Portugal, foi o penúltimo… seu sucessor foi seu filho, conhecido como D. Manuel II… não houve período de regência antes da queda da monarquia. O reinado de D. Carlos durou 18 anos, e não 36. Em rigor, não se pode dizer que D. Carlos perdeu os territórios africanos, perdeu sim, os territórios africanos que ficam hoje entre Angola e Moçambique, que faziam parte do chamado mapa cor-de-rosa! Abraço! / Jaime Medeiros (Porto, Portugal)