Novos Baianos, Jorge Ben (foto), Mula Manca & A Fabulosa Figura, Jackson do Pandeiro, Daniela Mercury, Academia da Berlinda e um punhado de bambas, para quem não quer ir à rua.
Praia e sol, Maracanã, futebol. Copa das Confederações. Sol, chuva, casamento de viúva. Inverno brasileiro. Cabelo ao vento, gente jovem reunida. Protesto, pra que protesto, se ela não me dá bola?
1. Novos Baianos, “Baby Consuelo” (1970): “Davi/ pelo pé/ mas do outro lado/ da rua/ rodapé”.
2. Tom Zé, “Lá Vem a Onda” (1970): “Lá vem a onda/ que vai me levar pra casa dela/ eu sou escravo, ela é canela/ eu sou o crime, ela é a cela”.
3. Jorge Ben, “Que Maravilha” (1971): “Lá fora está chovendo/ mas assim mesmo eu vou correndo só pra ver o meu amor/ (…) por entre bancários, jatomóveis, ruas e avenidas/ milhões de buzinas tocando em harmonia sem cessar/ (…) e a gente no meio da rua do mundo/ no meio da chuva/ a girar/ que maravilha”.
4. Rita Lee, “Barriga da Mamãe” (1982): “Ai, que pavor quando leio o jornal/ é só desgraça é só baixo astral/ meu diploma dependurado na porta/ é o quadro de uma natureza morta/ (…)/ desconfio que o patrão me explora/ minha empregada pede aumento ou vai embora/ (…) futebol tá virando chanchada/ carnaval já virou marmelada/ mandachuva bobeou, leva chumbo/ trabalhador paga os pecados do mundo/ quero voltar invisível/ pra dentro da barriga da mamãe”.
5. Paulinho da Viola, “Que Trabalho É Esse” (1982): “Que trabalho é esse que mandaram me chamar?/ se for pra carregar pedra, não adianta, eu não vou lá”.
6. Clara Nunes e Clementina de Jesus, “P.C.J. (Partido Clementina de Jesus)” (1977): “- Não vadeia, Clementina/ – fui feita pra vadiar/ eu vou/ vou vadiar, vou vadiar, vou vadiar”.
7. Martinho da Vila, “O Pequeno Burguês” (1969): “Felicidade/ passei no vestibular/ mas a faculdade, ela é particular/ particular/ ela é particular”.
8. Mula Manca & A Fabulosa Figura, “Dinheiro” (2007): “Eu vou trabalhar/ pra ganhar muito dinheiro/ vou enriquecer/ até ficar blasé e então/ posso descansar”.
9. Inocentes, “Pânico em S.P.” (1986): “Pânico!/ em SP!/ pânico!/ em SP!/ pânico!/ em SP!/ pânico!!!”.
10. Racionais MC’s, “Pânico na Zona Sul” (1990): “Quando o dia acontece/ só quem é de lá sabe o que acontece”.
11. João Donato, “Bananeira” (1975): “Bananeira não sei, bananeira sei lá”.
12. Jorge Ben, “Porque É Proibido Pisar na Grama” (1971): “Acordei com uma vontade de saber como eu ia/ e como ia meu mundo”.
13. Racionais MC’s, “Fim-de-Semana no Parque” (1993): “Olha só aquele clube, que da hora/ olha aquela quadra, olha aquele campo/ olha/ olha quanta gente/ tem sorverteira, cinema, piscina quente/ olha quanto boy/ olha quanta mina/ (…) olha o pretinho vendo tudo do lado de fora”.
14. Tim Maia, “Bom Senso” (1974): “Já pedi ajuda/ já dormi na rua”.
15. Cidinho & Doca, “Rap da Felicidade” (1993): “Eu só quero é ser feliz/ andar tranquilamente na favela em que eu nasci/ (…) mas eu só quero é ser feliz, feliz, feliz, feliz, feliz/ onde eu nasci”.
16. MC Dandara, “Alcatraz” (2006): “Fazer média pro pobre na televisão/ tu pode achar maneiro, doutor, mas eu não acho, não/ desce do salto, segue a ladeira, sobe o morro/ nem só de sonho vive o povo/ vá, que Alcatraz é lá”.
17. Leci Brandão, “Deixa, Deixa” (1985): “Deixa ele gemer, deixa ele gozar, deixa ele voar, é melhor/ do que ele sacar de uma arma pra nos matar/ (…) deixa ele escrever, deixa discursar, deixa ele votar, é melhor/ do que ele sacar de uma arma/ pra nos matar”.
18. Posse Mente Zulu, “Dona Maria” (2004): “Dona Maria do morro, cidadã brasileira/ não brinca em serviço quando sacode a poeira/ sofre na luta em busca de um ideal/ vive como pode no país do real/ desde criança trabalha, sustenta sua família”.
19. Emicida, “Rua Augusta” (2010): “Contando as hora com casaco de visom/ do olho é toda combinando com batom/ atenta nas buzina ela vai pelo som/ escrevendo sua história com neon”.
20. Nega Gizza, “Prostituta” (2002): “Sou puta, sim, vou vivendo do meu jeito, prostituta atacante, vou driblando o preconceito”.
21. Zezé Motta, “Três Travestis” (1982): “Três travestis traçam perfis na praça/ lápis e giz, boca e nariz, fumaça”.
22. Djalma Dias, “Capitão de Indústria” (1972): “Qual/ acordo pra trabalhar/ eu durmo pra trabalhar/ eu como pra trabalhar”.
23. Wilson Simonal, “Sem Essa” (1970): “Eu não vou nesta história, eu não vou/ nem me chame que eu não estou/ eu não sou quem você pensou/ (…) quem mandou dar o fora?/ quem mandou?/ minha hora também chegou/ nem reclame se não gostou/ você me provocou/ a sopa se acabou”.
24. Elis Regina, “Como Nossos Pais” (1976): “Viver é melhor que sonhar/ (…) por isso cuidado, meu bem/ há perigo na esquina/ eles venceram/ e o sinal está fechado pra nós/ que somos jovens/ (…) na rua/ (…) já faz tempo, eu vi você na rua/ cabelo ao vento, gente jovem reunida/ (…) apesar de termos feito tudo que fizemos/ (…) nossos ídolos ainda são os mesmos/ e as aparências não enganam, não/ você diz que depois deles não apareceu mais ninguém/ voceê pode até dizer que eu tô por fora/ ou então que eu tô inventando/ mas é você que ama o passado e que não vê/ é você que ama o passado e que não vê/ que o novo sempre vem”.
25. Maria Alcina, “Fio Maravilha” (1972): “Tabelou, driblou dois zagueiros/ deu um toque, driblou o goleiro/ só não entrou com bola e tudo porque teve humildade em gol/ foi um gol de classe onde ele mostrou/ sua malícia e sua raça”.
26. Bebeto, “Praia e Sol” (1981): “Praia e sol/ Maracanã, futebol/ domingo/ praia e sol/ Maracanã, futebol/ que lindo”.
27. Coral de Joab, “Pra Frente, Brasil” (1970): “Todos juntos vamos pra frente, Brasil!”.
28. ?, “Duchas Corona” (197?): “Apanho um sabonete/ pego uma canção e vou cantando sorridente”.
29. João Bosco, “Jogador” (1977): “Joga o jogo/ joga a vida roubada, joga 21/ joga carambola, sinuca, bilhar/ joga pra espertar/ pra matar pra defesa”.
30. Jackson do Pandeiro: “Ziriguidum/ ziriguidum/ meu coração bate num teleco-teco, teleco-teco-teleco, teleco-teco/ na perna tranque, amarre, puxe, largue/ como no futebol”.
31. Milton Nascimento, “Aqui É o País do Futebol” (1970): “Brasil está vazio na tarde de domingo, né?/ é/ olha o sambão, aqui é o país do futebol/ (…) no fundo desse país, ao longo das avenidas/ nos campos de terra e grama Brasil só é futebol/ nesses 90 minutos de emoção e alegria/ esqueço a casa e o trabalho, a vida fica lá fora”.
32. Elza Soares, “Heróis da Liberdade” (1986): “Ao longe/ soldados e tambores/ alunos e professores/ acompanhados de clarim/ cantavam assim:/ já raiou a liberdade/ a liberdade já raiou/ esta brisa/ que a juventude afaga, esta chama que o ódio não apaga pelo universo/ é a evolução/ em sua legítima razão”.
33. Johnny Alf, “Eu e a Brisa” (1967): “Ah, se a juventude que essa brisa canta/ ficasse aqui comigo mais um pouco/ eu poderia esquecer a dor/ de ser tão só/ pra ser um sonho/ (…) fica/ ó, brisa, fica, pois talvez, quem sabe/ o inesperado faça uma surpresa”.
34. Belchior, “Velha Roupa Colorida” (1976): “Você não sente nem vê, mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo/ que uma nova mudança em breve vai acontecer/ e o que há algum tempo era jovem, novo/ hoje é antigo/ e precisamos todos rejuvenescer”.
35. Clara Nunes, “O Canto das Três Raças” (1976): “E de guerra em paz, de paz em guerra/ todo povo desta terra/ quando pode cantar/ canta de dor”.
36. Timbalada, Daniela Mercury, Margareth Menezes e Tatau, “Ralé/ Protesto do Olodum (Lá Vou Eu)” (2007): “Liberdade ao povo do Pelô/ mãe que é mãe no parto sente dor/ e lá vou eu/ (…) faz protestos, manifestação/ e lá vou eu/ (…) Brasil, liderança/ (…) Cubatão/ (…) pro Nordeste o país vira as costas/ e lá vou eu/ nós somos capazes/ (…) e lá vou eu”.
37. Academia da Berlinda, “Cumbia do Lutador” (2007). A letra fala por si.