tão…

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pois então. mais uma breve cyber-entrevista com rita lee saiu publicada na “carta capital”, dentro da ronda divulgadora que ela faz de seu “biograffiti”.

abaixo (1), copio a introdução à entrevista que saiu na revista, com a explicação também brevíssima (se é que é necessário) do que é “biograffiti”. o texto, na revista, se chamou “a desconstrução de rita lee”.

depois (2), segue a entrevista dita cuja, mas não na versão “carta capital”, e sim em sua ainda breve íntegra, para lá dos espaços e convenções cabíveis e habituais do jornalismo.

para o que vem de bônus, uma explicaçãozinha a mais: a canção “tão”, a que nos referiremos adiante, trata de uma personagem (“real”, ao que parece) daquelas que têm poder de irritar a rita só pelo fato de existirem, e de se fazerem chatas de tão tão tão tão boazinhas que tanto se esforçam por parecer.

vamoaí, então.

(1)
Artistas brasileiros consagrados começam a utilizar o formato DVD para avançar alguns milímetros além do trivial e, por vezes, recontar sob ângulo próprio e particular a participação que tiveram na construção da história da música brasileira. A exemplo do que fez Chico Buarque (num pacote com 13 volumes chamado Desconstrução), Rita Lee usa a caixa tripla Biograffiti (Biscoito Fino) para desconstruir um naco da imagem ilusória da “pop star”, lustrada ao longo de quase quatro décadas.

Numa mistura de shows (novos e antigos) com documentário, música pública e memórias privadas se alternam e se confundem, em especial nas cenas em que ela aparece criando três canções inéditas, e assim as torna públicas antes de elas estarem 100% prontas. Abaixo, perguntas de CartaCapital que Rita respondeu por e-mail.

(2)
pedro alexandre sanches – um momento especialmente tocante de “biograffiti” é o depoimento que você faz sobre seus pais, em que inclusive mergulha por passagens tristes e dramáticas, que contrastam com sua imagem pública quase sempre alegre e engraçada. como é para você compartilhar com o público esse lado menos conhecido?

rita lee – todo palhaço tem seu lado triste, não é mesmo? nas entrevistas me senti como se estivesse na minha terapia. as gravações foram feitas em lugares confortáveis, a equipe era gente fina, então não havia por que não responder as perguntas que me fizeram.

pas – se você se vê nas cenas de “biograffiti”, percebe diferenças entre a rita lee do “acústico mtv”, do show de 2000 e dos shows mais recentes? você está mais tranqüila e serena agora, ou é impressão minha?

rl – tranqüila, não muito, serena, sim. com a idade a gente aprende a lidar com as armadilhas da vida, observando mais e explodindo menos.

pas – como é para você inserir nos dvds imagens que parecem ser do processo de construção de músicas novas, num momento em que, de acordo com as convenções habituais, elas talvez ainda não estejam 100% “prontas”? haveria mais um pequeno tabu sendo quebrado aí?

rl – a graça está justamente em mostrar o processo de gravar uma demo tosca, sem arranjo definido, a letra podendo mudar, uma situação ainda brincalhona e descompromissada, que posteriormente será aprimorada. ou não. não sabemos se elas vão constar do disco de inéditas que vamos lançar no fim do ano pela biscoito fino, então ficam como um pequeno cadeaux para quem tiver a caixa.

pas – essas músicas novas dão o tom de algum trabalho futuro, inédito? o que vem por aí?

rl – temos várias inéditas na manga, de pauleira a baladas, mas no momento não sei qual tom o bebê vai ter. ainda estou no começo da gravidez.

pas – numa determinada passagem, você comenta que, sob efeito de drogas, fez as suas melhores e suas piores músicas. toparia citar alguns exemplos de cada um desses blocos?

rl – das melhores posso citar “coisas da vida”, “lança perfume”, “mania de você”, “orra meu”, “papai, me empresta o carro”, “shangrilá”, são tantas emoções… as piores eram tão ruins que fiz questão de deletá-las em benefício da minha auto-estima.

pas – os (neo-)mutantes realmente convidaram você para participar da volta do conjunto? ou teria sido meio um convite pró-forma?

rl – o sérgio [dias] cansou de me convidar, e sempre declinei.

pas – o que você achou, especificamente, do depoimento do tom zé sobre você? se reconhece nas palavras dele?

rl – o depoimento dele foi genial e inesperado para mim. finalmente alguém explicou que roberto [de carvalho] e eu escancaramos nossa cama e convidamos o mundo para uma suruba pedagógica.

pas – sobre a música “tão”, aquele adjetivo “chata” se escreve com cê-agá ou com xis? para não arriscarmos queimar seu filme com colegas locais, você poderia dar alguns exemplos de celebridades da gringolândia que você acredita que se encaixam nessa categoria “xata”?

rl – eu escrevo chata mesmo… eu diria que bono vox é o primeiro da lista de pessoas que de tão corretas e boazinhas são para lá de chatas e extremamente falsas. não podemos deixar de fora celine dion, sempre sorrindo, sempre discreta, sempre chata!

pas – entrevistando há poucos dias o ronnie von [cuja reportagem está na mesma “carta capital” 444], ele comentava que perdeu completamente o contato com você, e que nunca conseguiu levá-la ao programa dele na tevê, apesar de várias tentativas. e completou com umas reticências: “não sei se ela não gosta de mim…”. você poderia contar alguma coisa a respeito disso?

rl – fala pro ronnie que eu não sou chegada em programas de tevê, só vou na hebe e no groisman, que sempre foram gente fina comigo. fala pra ele que eu sempre o defendo pelo crédito do nome mutantes. e finalmente fala pra ele que dia desses a gente junta a creche e faz um pic-nic.

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