esta semana está propícia para profissões de fé, então eu, pedro alexandre sanches, também quero fazer a minha. embora nascido e criado numa mansa família católica, quero professar que não comungo com os princípios vigentes na igreja católica. quero declarar que sou filho de deus e que não obedecerei a qualquer conselho de nenhum papa ultraconservador no que diz respeito ao amor, à sexualidade, à prevenção de doenças, ao celibato, à liberdade de escolha e pensamento, à morbidez da crença na dor e no martírio como purgantes da alma, à desigualdade entre os homens e ao prazer de ouvir o rock’n’roll. declaro que não aceitarei e gritarei sempre contra o hábito católico de apontar mazelas alheias demais e deixar descobertas demais as próprias mazelas – antes de ficar criticando a sexualidade alheia, eu gostaria que a igreja católica justificasse seus crimes passados e suas contravenções presentes, explicando, por exemplo, por que tantos de seus membros são tão afeitos à sexualidade clandestina, ao molestamento sexual de menores, à pedofilia.

quero dizer que “rezo” pelo dia em que toda essa estrutura bilionária suspenderá o hábito de demonizar o mundo lá fora (“o inferno são os outros”, diria a máxima mentirosa) e fará sua própria mea culpa transparente, honesta e corajosa. nesse dia, acredito, quebraremos o monopólio da pretensa virtude que esses nossos guias espirituais tentam artificialmente preservar. deixaremos de concentrar “o mal” em figuras como michael jackson, um homem negro que foi vítima evidente de abusos violentos, parece ter rebatido praticando outros abusos equivalentes nele mesmo e em outras pessoas indefesas. graças a razões anteriores, mas também à conivência de instituições e indivíduos moralistas, um dos mais importantes artistas do planeta corre rapidamente a se transformar no “bode expiatório” mundial que acalmará o resto da humanidade, anestesiando-a e “perdoando-a” de refletir sobre os abusos sofridos e praticados por todos nós. como se prendendo michael encarcerássemos junto com ele nossas próprias maluquices, tanta tolice.

eu prefiro, na minha profissão de fé, sonhar com o dia em que michael jackson será não punido, mas submetido ao acompanhamento e tratamento psicológico humano que ele merece. se o mundo fosse justo, jacko teria como companheiros não de punição, mas de cura muitos de nós, dentre esses milhares e milhares de assustados seminaristas, padres, bispos, cardeais, quiçá mesmo o nobre joseph ratzinger, com aquela carinha safada que ele tem, de quem está doido pra cair de boca de caçapa no rock’n’roll.

[destoando do coro, preciso confessar que me causa certa empatia ficar observando aquele sorrisinho maroto-safado-irônico-maquiavélico de bento xvi; deve ocultar tanta dor por dentro.]

enfim… please, herr ratzinger, don’t beat it!! a vida é apenas rock’n’roll, e a gente gosta. it’s just the human nature, é assim que ela nos faz…

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