2016-09-26-1

O Ministério da Cultura está usando em sua página no Facebook obras de Tarsila do Amaral adulteradas com fins publicitários, sem autorização legal.  As telas “Religião Brasileira” e “Manacá”, ambas de 1927, foram recortadas para uso como foto de perfil e como um selo (“Manacá” ganhou um círculo com o novo logotipo do ministério no meio do desenho).

2016-09-26-1 (1)Mesmo que obtenha autorização da família, o uso das obras com objetivos publicitários caracteriza violação de direito moral, que é inalienável e irrenunciável (ou seja: não podem ser transferidos para outra pessoa mesmo que o autor queira).  Conforme a lei 9610/98, os direitos morais asseguram ao autor a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações.

Os leitores fizeram um vomitaço nos comentários de “Religião Brasileira” e, em “Manacá”, comentaram o desrespeito. “Gente, esse governo golpista é fraco em tudooo, sério, que porra de logo é essa?! Respeitem a Tarsila, Golpistas de MERDA!!!!”, escreveu Rafael Ferro. Houve um pequeno debate sobre a qualidade da obra. Com a adulteração, ficou parecendo uma toalha de rosto, escreveu Thiago Wonka. O MinC não comentou.

 

P.S. em 27 de serembro: Após a denúncia de FAROFAFÁ, a família de Tarsila do Amaral manifestou contrariedade com a atitude do ministério e informou que estuda medidas judiciais contra o governo. Hoje, o MinC retirou de sua página as “ilustrações” sobre as obras adulteradas, sem nenhuma nota explicativa. Colocou no mesmo local ilustrações anônimas, produzidas por sua equipe.

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Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter de jornalismo cultural desde 1986 e escritor, autor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019) e Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021)

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