Le bleu est une couleur chaude




Não vi o filme ainda. Li o gibi. Saiu pela Martins Fontes.



O gibi de Julie Maroh (apelido Djou) inspirou o filme de Abdellatif Kechiche, Azul é a Cor mais Quente, que ganhou a Palma de Ouro em Cannes (e estreou hoje).


A primeira coisa que chama a atenção na história em quadrinhos é que a desenhista opta por um recurso que já foi empregado no filme O Selvagem da Motocicleta, de Coppola – quase toda a ação se passa em preto e branco, apenas o cabelo de Emma tem a cor azul.



No filme de Coppola, somente os peixes de briga eram coloridos.

A chamada “vida normal” de Clémentine, que se apaixona por Emma, é retratada em cores.

Quando ela experimenta a paixão, o desenho vai paulatinamente se tornando preto e branco.

Não é uma sacada muito original, mas sempre funciona.




O desenho de Julie Maroh bebe da fonte do mangá japonês.

Lágrimas que molham os rostos como se fossem rios descendo pela face.

É também muito didático, com ênfase em aspectos arquitetônicos, como se Julie tivesse estudado arquitetura.

O argumento é maduro, sólido.

A militância de Emma pode ser opressiva para Clémentine.

“Para a Emma, sua sexualidade era um bem como os outros. Um bem social e político. Para mim, é a coisa mais íntima que há. Ela chama isso de covardia, então, que eu tente apenas ser feliz de um jeito ou de outro como todo mundo”.



Há referências às circunstâncias sócio-políticas do momento em que tudo acontece.

Um quadrinho mostra as preferências dos eleitores franceses por Sarkozy.

Há um TGV a caminho do subúrbio que mostra a diferença entre a classe média de uma e outra.

De qualquer forma, prevalece o ambiente de classe média típico dessas reflexões francesas, os cafés e os drinques e o pétard, o mesmo de A Bela Junie.


“Os problemas dos adolescentes são banais aos olhos dos outros”.

Na verdade, todo problema pode ser visto como banal. A narrativa de um drama é que não pode ser.




Lendo o gibi, parece que se está lendo um livro.


Isso seria uma qualidade, mas o fato é que não ficam grandes marcas visuais da HQ na memória.


Um cabelo azul, uma pose, uma boina, umas meninas muito bonitas.


Talvez, graficamente, seja um pouco conservador. Mas, pela envergadura do tema que trata, é tremendamente eficaz.





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