Foi-se o tempo em que o funk no Brasil era só o carioca… Depois do funk-ostentação de São Paulo, do pagofunk da Bahia e do brega funk do Nordeste, entre outros funks, um estilo nascido em Curitiba, no Paraná, desponta como promessa de sucesso musical.

A história do eletrofunk começou há muitos anos, quando, em 1988, o jovem Alexandre Alves, então um apaixonado por Raul Seixas, fugiu de casa e assistiu ao último show de seu ídolo no Canecão, no Rio de Janeiro. Diante  de uma plateia em transe comandada por Raulzito, decidiu que seu futuro seria trabalhar com música.

Decisão tomada,  Alexandre percorreu uma longa estrada até encontrar o ritmo que iria ajudar a criar. Trabalhou com Kika Seixas, mulher de Raul, levou alguns dos primeiros shows de artistas brasileiros para Angola no pós-guerra civil e chegou ao nascimento do funk carioca, trabalhando com algumas equipes e como empresário do astro internacional Stevie B.

Já viajando pelo Brasil como empresário de funk, começou a escutar, no sul do país, principalmente em Curitiba e outras cidades do Paraná, um novo ritmo musical chamado de eletrofunk, que associava MCs que cantavam no estilo do funk com bases de música eletrônica.

Foi contratado então para fazer um programa de funk carioca na Rádio 98 FM de Curitiba, onde, frequentando algumas festas conheceu o DJ Cleber Mix, o pioneiro e maior expoente do eletrofunk. Decidiram então unir a experiência que Alexandre tinha como empresário ao talento de Cleber, que já mixava funk com músicas eletrônicas, procurando deixar alguns funks com a batida menos repetitiva.

DZConvidaram então uma MC de funk do Rio, DZ MC’s (foto à dir.), para fazer uma versão da música “Stereo Love“, de Edward Maya. A versão, intitulada “Não Dá Mais”, deu certo, e assim nascia o primeiro hit do eletrofunk.

DZ MC’s nasceu Deize Lorreto em Duque de Caxias, Rio de Janeiro, e começou sua vida artística cantando na igreja evangélica que seus pais, evangélicos fervorosos, frequentavam.

Chegou a atuar em vários grupos de lambaeróbica como dançarina e começou a cantar funk melody no Rio. Com Alexandre, participava do programa de funk em Curitiba em um formato parecido com o do programa Pânico na Jovem Pan. Um dia, convidada pelo DJ Cleber Mi,x gravou a versão de “Stereo Love”, “Não Dá Mais”, e voltou para Duque de Caxias, onde residia.

Cerca de dois meses depois, recebeu uma ligação do DJ Cleber Mix que iria mudar sua vida: “Não Dá Mais” era uma das músicas mais tocadas do Paraná, e choviam ligações para contratar o show de DZ. Era a grande virada na vida de Deize e um sinal para Cleber e Alexandre levarem em frente o projeto de expandir o eletrofunk nacionalmente.

Além dos estados do Sul do Brasil, onde o eletrofunk começava a se tornar uma febre, o ritmo ganhava muitos adeptos também nos encontros de som automotivo, em que os donos de carros com aparelhos de som megapotentes disputam e exibem seus equipamentos sonoros.

edy lemond 01

Foi assim que conheceram Edinaldo Reis, nascido em Parauapebas, no Pará, e morador de Brasília. Edy Lemond, nome artístico de Edinaldo,  já era conhecido em alguns encontros automotivos porque suas músicas uniram o grave das batidas ao agudo de sua voz, segundo o próprio “a fórmula ideal de música para fazer disparar o alarme dos carros”, uma gíria que define quando uma música consegue “bater” nas potentes caixas dos equipamento de som automotivo.

Edy já cantava rap e era fã do Bonde do Tigrão e de Andrezinho Shock, famoso MC mineiro. Com um trabalho mais estruturado junto a Alexandre e Cleber, lançou o hit “Taca Cachaça”,  que estourou no Brasil inteiro.

Sobre os lugares aonde sua música já chegou, Edy traça uma rota de encontros de som automotivo onde já cantou, que vão desde as praias de rio em Tocantins, passando por Bom Jesus de Goiás, Montes Claros, em Minas Gerais, Foz do Iguaçu, no Paraná, e até mesmo Xinguara, no Pará. Diz que alguns de seus hits são os preferidos pelos donos de sons automotivos potentes para disputar campeonatos pelo Brasil, como a música que gravou com DZ, “Ai Que Delicia”, e “Pensando em Você”.

Depois do sucesso de DZ e de Edy, Alexandre e Cleber procuravam um novo talento, segundo Alexandre “uma MC que tivesse a ver com o estereótipo das meninas do Sul do Brasil, alta e magra, diferente das MCs cariocas com suas curvas voluptuosas”. Assim encontrou Mayara Juliana, uma curitibana fanática por eletrofunk que gravava vídeos caseiros cantando e mandava para Alexandre na esperança de um dia se tornar uma MC de sucesso.

Nasceu então MC Mayara, um fenômeno da internet que em seu primeiro vídeo, “Minha Primeira Vez”, que teve mais de 1,5 milhão de exibições no YouTube. Além de “Minha Primeira Vez”, Mayara emplacou os hits “Ai Como Eu Tô Bandida”  e “Teoria da Branca de Neve”.

Uma das principais características do eletrofunk pode ser observada nas letras de Mayara, que não contêm linguagem sexual explícita ou palavrões. Mesmo as letras de duplo sentido não usam termos mais “pesados” como estamos acostumados a ouvir em boa parte dos funks do Rio de Janeiro. “Temos um cuidado com as letras para poder entrar em qualquer lugar”, conta Alexandre. Assim, a picardia fica por conta de versos que às vezes soam inocentes frente aos funks que estamos habituados, como “saia, topzinho e um copinho de bebida/ ai como eu tô bandida!”, “calma, meu bebê, não precisa de malícia/ ai que delícia!” ou mesmo “ginga de malandro/ corpinho todo sarado/ ai que safado!”.

Depois de conquistar o Sul do país e os encontros automotivos, Alexandre vê a expansão do eletrofunk de maneira muito rápida: “Nossos MCs cobram cachês entre R$ 10 mil e R$ 12 mil e já tocaram em quase todos os estados do Brasil. Fazemos mais de 30 shows por mês”. Em Curitiba, o eletrofunk tem um programa de TV na retransmissora local da Bandeirantes e uma rádio web hospedada no site oficial com cerca 10 mil ouvintes por programa.

Depois do funk-ostentação de São Paulo, que foi febre no ano passado, e do arrocha sertanejo, o eletrofunk aparece junto com o eletronejo como possível tendência musical que deve dominar as mentes e corações dos jovens brasileiros em um futuro próximo, e já se transformou  em um dos mashups mais bombados do mês pelas mãos do DJ-produtor  Bunny the Human.

 

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19 COMENTÁRIOS

  1. O verdadeiro electro nasceu nos anos 80 sendo seus nomes comuns electro-funk ou electro-boogie logo a pessoa que colocou este nome esta indo de contra a uma tradição de mais de 30 anos se apropriando de um nome já existente para promover outro tipo de estilo que não corresponde a essência do gênero a meu ver uma total falta de respeito a todos os membros e fundadores de comunidades, produtores e difusores do verdadeiro electro funk. Como eu disse existe desde os anos 80 sendo parte da sonoridade original que compôs os bailes dos anos 80 e 90 principalmente no rio de janeiro. Electro funk originalmente trata-se do nome longo para electro. Um gênero que abrange temáticas como retro futurismo, assuntos cósmicos espaciais, robótica e tecnologia tanto que os b-boys tem passos como os de um robô em muitas de suas danças nunca me pronunciei sobre o assunto mas como disse acho uma total falta de respeito se apropriar de um nome que já existe a pessoa que cria algo novo deve ter criatividade o suficiente para bolar um novo nome para seu trabalho sem deturpar o trabalho dos outros. Criado no final dos anos 70 e presente na cultura dos bailes desde sempre não trata-se de nada novo e também não é electro house com coisinhas safadinhas de funk carioca da nova escola.

    • Sugiro uma leitura em Roger Chatier, no conceito de apropriações e representações, talvez você possa rever sua ideia de “falta de respeito” quando existem as apropriações. =)

  2. BOM MUITAS PESSOAS COMO ESSA CAROLONA JULGAM AS COISAS POR SUAS APARECIAS ! COMO ELA PESSOAS PENSAM QUE O FUNK É PUTARIA ENTRE OUTRAS COISAS MAS VC´S ESTÃO MUITO ENGANADOS NOSSO RITMO ( BRASILEIRO ) NAUM EXISTE PUTARIA SIM UM DUPLO SENTIDO COMO QUALQUER OUTRO RITMO !! UMA PROVA FOI A DIVA BEYONCE DANÇANDO LEKK LEKK EM PRENO ROCK IN RIO !! PRA ALGUNS PODE ATE SER BESTEIRA MAS PRA QUEM TEM CONCIENCIA SABE QUE O BRASIL É UM DESTAQUE LA FORA MUITOS NOS COPIAM ENTÃO ANTES DE FALAR ALGO OU ATE ESCREVER PENSE QUE GOSTO TODOS TEM SO QUE NÃO FALE OQUE VC NÃO SABE POIS 20 NÃO GOSTAM E 20 MILHOES AMAM !!!

  3. O ELETRO FUNK SE ESPANDIU PELO BRASIL INTEIRO E COMO ACONTECE COM O FUNK DE VARIAS PESSOAS CRITICAR ACONTECE COM O ELETRO FUNK VARIAS PESSOAS CRITICAREM TBM SEMANA PASSADA MESMO EU ESTAVA TOCANDO EM UMA CASA NOTURNA EM CASCAVEL UM ELETRO FUNK PRODUÇÃO DO CLEBER MIX CHEGOU UMA PESSOA EM MIN E DISSE MEUU DEUS CARA POR FAVOR PAARA COM ISSO TOQUE ELETRONICA ISSO NAO É MUSICA DE SE OUVIR NUMA BALADA E SAIU MAIS EU CONTINUEI TOCANDO E O INPRECIONATE É KI A NOITE JA SE CHAMAVA NOITE DO ELETRO FUNK SE ELA TAVA ENCOMODADA ÉRA SÓ SE RETIRA EU FIKO ENJURIADO COM UMA COISA DESSA PORISSO EU DIGO NAO GOSTA NAO CRITIQUE…

  4. EU CURTO DE MONTÃO O ELETROFUNK PRA QUEM VIVE NA BALADA E NOS ENCONTROS DE SOM… É O QUE ROLA HOJE EM DIA. PARABÉNS AOS CRIADORES DESSE SUCESSO Alexandre Alves E DJ Cleber Mix ACREDITO QUE O TRABALHO É ISSO AI. AGRADAR TODOS JAMAIS, SÓ QUE QUEM CONHECE SABE QUE É CONTAGIANTE AS BATIDAS APLICADAS NESSE RITMO ELETRIZANTE. SÓ SUCESSO E PARABÉNS PRA TODOS DO ELETROFUNK BRASIL

  5. O eletrofunk ja dominou o Rio Grande do sul!e o Brasil!!as mais tocadas no som automotivo!!!mas sempre tem um pra críticar!!!enquanto vcs vão criticando os mcs vão fazendo músicas novas os djs novas mixages e a galera agitando!!!vlw 😉

  6. Funk-ostentação de São Paulo, devido o povo de paulistano gostarem de funk, o ritmo é o mesmo que no Rio, mas fala mais de ostentação.
    Pagofunk da Bahia, devido o povo da baiano gostar de Samba/Pagode e Axé, fizeram então essa mistura para dar uma diferenciada.
    Brega funk não é necessariamente do Nordeste, na verdade o brega funk é do Norte, pois no Nordeste é mais o forró. Devido o povo do Norte, principalmente o povo do Pará gostarem de brega.
    Eletrofunk do Paraná, devido o povo paranaense gostarem de música eletrônica, juntaram então o eletrônico com um toque de ousadia.

  7. Bom dia! Família carta capital
    Gostaria de saber com relação aos tópicos em alta em 2014 em atualidades, conhecimentos gerais, história e literatura para concursos e quais os temas mais prováveis e em alta para caírem em uma redação para concursos em 2014.
    Desde já lhes agradeço muito;

    Atenciosamente;

    David;

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