Por ocasião de uma exposição do famoso fotógrafo Brassaï (1899-1984) em Belo Horizonte, enviei três perguntas para a curadora francesa, Agnès de Gouvion Saint-Cyr (também especialista em Doisneau). As respostas demoraram a chegar e a reportagem já saiu. Mas como ela me disse algumas coisas interessantes – especialmente sobre essa foto aqui que eu achei duca -, eis que publico aqui a entrevistinha.

Brassaï é provavelmente mais conhecido por suas fotos de Paris à noite. Recentemente, você descobriu 150 fotos dele jamais publicadas no seu livro Brassaï in America. Acha possível que hajam fotografias dele desconhecidas de Paris também?
Depende do que você quer dizer com fotografias desconhecidas. Se quer dizer fotografias que nunca foram publicadas, há sim um monte delas. Se quer dizer negativos que repentinamente reapareceram, não. As fotografias coloridas que encontramos dos Estados Unidos nunca tinham sido impressas antes, eram slides que eu encontrei trabalhando nos arquivos, e Brassaï nunca imprimiu fotografias coloridas.

Há, na exposição de Belo Horizonte, algumas cenas de homens brigando na rua. Há uma discussão sobre a montagem de fotografias, como a famosa foto de Robert Capa na Guerra Civil Espanhola. E a foto de Robert Doisneu, Le Baiser du l’Hôtel de Ville, também é montada. Brassaï, em algum momento, também montava a cena da foto?
A situação dos homens brigando é muito diferente, porque na ocasião Brassaï estava fazendo um trabalho para uma revista de detetives, a qual pediu a ele que fotografasse algumas situações peculiares, muitas delas abertamente encenadas nas vizinhanças onde ele costumava fotografar à noite, usando como modelos aquelas pessoas que ele conheceu durante suas andanças.

Brassaï é considerado o fotógrafo que pintava com suas fotos. Teve influência sobre Helmut Newton e outros artistas. Nessa nossa era digital, você considera que o trabalho dele permanece relevante como linguagem?
Se você considerar as imagens formais que Brassaï fez, é claro que sua influência ainda é importante. Mas não é tanto o uso da tecnologia que tornou as coisas diferentes, e sim o jeito como enxergamos a sociedade hoje.

EXPOSIÇÃO BRASSAÏ, PARIS LA NUIT
De quarta próxima a 1.º de abril, a Galeria de Artes Visuais do Oi Futuro BH (Avenida Afonso Pena, 4.001 – Mangabeiras, tel. 31 3229-3131) abrigará a exposição

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Jotabê Medeiros, paraibano de Sumé, é repórter de jornalismo cultural desde 1986 e escritor, autor de Belchior - Apenas um Rapaz Latino-Americano (Todavia, 2017), Raul Seixas - Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019) e Roberto Carlos - Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021)

3 COMENTÁRIOS

  1. Conta-se que ele Brassaï, por falta de equipamento – fotômetro, escolhia um angulo da cidadce de Paris, montava a máquina no tripé e apertava o obturador e acendia ou um cigarro gouloise. Quando o cigarro acabava ele desligava o obturador. A foto estava pronta.

  2. Cara, admiro mto o seu trabalho!
    sonho em trabalhar nessa área de música e cultura dentro do jornalismo, acho mto interessante. E acho que o Brasil está precisando de profissionais como você, que ajuda as pessoas a terem uma nova visão de música e aprendem a valorizar a cultura do país.

    Parabéns!
    Se puder me mande um e-mail cara.

    [email protected]

    abraço

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