Diz que em 2012 o mundo acaba. Eu também acredito: acaba mesmo, pra começar outro novo, e muito melhor. Ser indies não será mais suficiente, precisaremos ser índios também: o que sempre fomos, por mais que quiséssemos nos camuflar na paisagem.

Por ora, descansemos para a pedreira que vem por aí. FAROFAFÁ, eu + Eduardo Nunomura, deseja(mos) o melhor dos mundos para todo mundo em 2012, e eu, antes de me calar, farofeio sem delongas nem maquiagens um pouco do que rolou hoje cedo no Facebook:

 

1

Explusando demônios internos, deixando o bicho solto (menos punheta “intelectual” em 2012!), e replicando comentário que acabei de publicar numa comunidade fechada/”elitizada” de discussão sobre música brasileira:

Questão bizantina da hora (e dos últimos já muitos anos): “Quem vai definir a relevância estética?”.

Nessa hora eu, o “crítico”, deveria levantar a voz e gritar: “Eu!!!”? Se vocês esperam por isso, podem esperar sentados.

A galera não adora um capitalismo, um livre mercado, uma privataria? A galera não tá ultramegaincomodada com um comportamento “por demais” socialista do FdE?

Ora bolas, então deixa a “questão estética” se definir como sempre se definiu, por autogestão, livre mercado, jabaculê, o diabo a 4.

O grilo é que todo mundo que usa o meme falsificado (inclusive o Alex Antunes, hahaha – não li o texto dele ainda) da “questão estética” no fundo tá pouco se lixando com questão estética nenhuma. Tá é incomodado com a democratização e a mudança de paradigmas que tá rolando.

A “relevância estética” sempre se definiu do mesmo modo, à margem de nós-punheteiros: o que as pessoas consomem mais é o que elas consideram de mais qualidade. Encher a boca pra falar de “questão estética” e se recusar a avaliar Ivete Sangalo, Banda Calypso e Michel Teló não tem nada de estético: é ideológico. Mais fácil ter raiva de quem vende mais que a gente (jornalistas incluídos), subir num pedestal e proclamar, com a boca cheia de batata quente: “Isso não presta”.

Por essas e por outras eu já há alguns anos renunciei de comentar qualquer “questão estética” (bem, nem sempre…): vocês não precisam de mim pra dizer o que vocês devem ou não gostar. Quanto mais liberdade, quanto menos jabaculê, quanto mais moeda solidária, mais a questão estética vai se impor espontaneamente, sem rédeas nem cabrestos. É isso que muita gente tá tremendo de medo por intuir, principalmente nos velhos e depenados topos-de-cadeia.

Cacilda, será que em 2012 a gente consegue (e quer) parar de girar feito disco riscado, largar de lado um pouco a giração em círculos de “cachê”, “questão estética” e outras velharias que torraram o saco de todo mundo em 2011?

Torço pra que sim, e vou empenhar todos os meus esforços pessoais pra isso em 2012. Promessa de candidato (a editor remunerado do Farofafá)!

Última: o tempo que você gasta julgando as atitudes do Pablo Capilé ou de quem quer que seja é diretamente proporcional ao tempo que você NÃO gasta se auto-avaliando (julgamento não tá com nada) e se autoconhecendp. A máxima vale até pro próprio Capilé (quando encafifa que Pernambuco ou o diacho é o “inimigo”)! 😉

 

2

Convivi bastante com o Pablo Capilé em 2011. Gosto dele, acho importante à beça (ele e um monte de gente que aparece menos, mas trabalha tanto quanto ele). Neste ano que passou, eu disse mil vezes pra ele que acho ele muito defensivo – sempre respondeu que a recíproca é verdadeira (e é mesmo).

Continuo achando ele defensivo, continuo sabendo que sou defensivo. Acho a carta abaixo defensiva, lutando (timidamente) contra as próprias tendências autoritárias. Só que ela contém, entre tantas autotodefesas: a) humildade (receosa) em reconhecer batatadas cometidas; b) pedido (envergonhado) de desculpas.

De todos os tipos de pessoas que eu gosto, meu tipo predileto é o que sabe (ou no mínimo se esforça para) fazer a) e b), sempre que necessário. Termino 2011 gostando do Capilé e do FdE muito mais do que já gostava (e confiando cada vez mais na minha intuição de que estou diante do novo, e que o novo é… novo).

Se todas as partes em conflito nesta maluquíssima música brasileira 2011 tomassem um pouquinho desse tipo de atitude, ninguém segurava a gente em 2012. O mundo vai acabar em 2012 – mas o mundo que vem no lugar dele vai ser muito melhor! Sendo assim feliz 2012, 2013 etc. pra todos nós!!!

 

3

Em tempo: por que deveríamos ter medo de discutir Pernambuco (ou qualquer estado)? Fred Zeroquatro é o novo Ariano Suassuna? DJ Dolores já virou João Gilberto? Paulo André é o Chico Buarque do século XXI? Pra que tanto totem, pra que tanto tabu?

 

P.S.: paro por aqui, por enquanto, mas cês sabem… essa é uma conversa que não acaba nunca. Bom fim do mundo pra todos nós!

 

PUBLICIDADE

1 COMENTÁRIO

  1. Como eu disse, a coisa num tem hora pra acabar, eta eta eta…

    Copiado do Facebook, lista fechada da Bizz-Ralé:

    Makely Ka
    Tá legal Pedro, eu aceito o argumento. Mas me colocando supostamente do outro lado (do seu lado de crítico?), será que não é mais possível estabelecer nenhum parâmetro, digamos assim, estético? Não estou falando de estética hegeliana ou escola de Frankfurt, mas algum parâmetro mínimo pra avaliar harmonia, melodia e letra, inovação ou redundância dentro de um determinado gênero, ruptura ou diálogo com uma tradição, ou mesmo imbricamento entre melodia e letra como propõe a semiótica da canção, nada disso é possível mais? Vamos pro terreno do relativismo absoluto, do cada um com seu gosto e fim de papo?

    Pedro Alexandre Sanches
    Não, Makely, de forma alguma, isso seria eu defender o que mais detesto… Minha proposição é mais: que cada um dê suas cartas, diga do que gosta e do que não gosta e por quê.

    Dizer simplesmente o mesmo que a manada inteira diz, “Luan Santana é uma bosta”, é velho, preguiçoso e tão pobre de espírito quanto tanto dizemos ser a música do Luan Santana.

    Foi-se o tempo, graças a Deus (ou melhor, graças a mim mesmo), que eu fazia papel de superego-palhaço-ventríloquo dos outros em página de jornal reacionário e desonesto. Todo mundo amava, mesmo quando me xingava até a quinta geração. Mas datou: eu quero é ver os rancores de vocês também. E, olha, a considerar pelos últimos dias, tenho visto em todo o esplendor dos rancores (& amores), hahahahahaha.

    Resumo do tecnobrega? Criticar, demolir, construir etc. é tarefa coletiva. Não tem Jesus Cristo nesta joça, não, nem aqui, nem em Belém, nem em Pernambuco, nem em Wall Street. Cada um que dê conta das próprias responsabilidades e omissões.

    Credincruz, eu tô atacado!, num guento mais, quero parar! :-))

DEIXE UMA REPOSTA

Por favor, deixe seu comentário
Por favor, entre seu nome