Perry Farrell tem sua razão em aconselhar o cantor Lobão a gravar “um disco muito bom, um que todo mundo ame, e faça as pessoas quererem vê-lo ao vivo. Então, ele poderá ser headliner de um festival”. Estamos mesmo com saudades do @lobaoeletrico músico. O vocalista da banda Jane’s Addiction, criador do Festival Lollapalooza, também vocalizou bem, numa entrevista à Folha de S.Paulo, um sentimento muito comum entre os artistas (e outros tantos que orbitam ou bajulam esse mundo de culto ao estrangeiro): “Espero que o Lollapalooza traga essa cultura de festivais e shows internacionais para a América Latina. Ops, para o Brasil. Talvez assim consigamos trazer de volta a importância política da música, como era antes da crise da indústria.” Está cheio de gente, inclusive entre nós, que quer voltar a um tempo em que os Estados Unidos eram o supra-sumo do capitalismo mundial e o Brasil, um país de Terceiro Mundo. Hellooo!!!

Contextualizando rapidamente o barraco: Lobão escreveu para o jornal Brasil 247 que havia desistido de tocar no festival, que vai ter uma versão brasileira nos dias 7 e 8 de abril de 2012, porque haviam oferecido aos brasileiros o horário entre 10 e 15 horas. No Twitter, o músico bradou: “issso eh realmente muito grave!!!!Eles estah mentindo descaradamente!!! / Falei com o representante oficial do festival na quinta feira….com carta de intencao (sic) assinada e tudo!!!! / isso nao vai ficar assim!!! estao me tratando como um moleque!!!!!ieh inacreditavel o cinismo e o descarate desses caras!” E prometeu escrever uma nota de esclarecimento. Na nota, também publicada em sua página no Facebook, ele diz que se opõe a ser, mais uma vez, rotulado como o “polêmico e lunático”. E Lobão desabafou, à la Roger, do Ultraje a Rigor:


“Torcemos para que a mentalidade dos empresários de festivais comece a mudar e passem valorizem a nossa cultura e a nossa música. Nosso Rock n Roll não fica devendo para nenhum lugar do mundo e merecemos que os artistas de outros países possam nos admirar e respeitar da mesma forma que fazemos com eles por aqui.”

 

A organização do festival afirmou ontem à noite que Lobão, se quiser, ainda pode tocar no festival. E pelo sim, pelo não, para não comprar uma briga desnecessária, o line-up vai mesclar brasileiros e gringos para além das 15 horas. Perry Farrell, que nesta terça-feira virou trending topics no Brasil, corre sério risco de virar persona non-grata (foi chamado de “grandes merdas”, “horrível” e “arrombado”). O músico Tico Santa Cruz, em seu blog, fez uma defesa sincera de Lobão: “No Brasil, infelizmente isso é mal visto. As pessoas não gostam de quem questiona, não gostam de quem se posiciona, e imediatamente associam isso a chatice, loucura entre outros adjetivos nada agradáveis.” E lembrou, como fez Lobão no vídeo acima, que existe uma lei que obriga que os festivais internacionais tenham obrigatoriamente atrações nacionais – ou seja, se todos se solidarizassem com Lobão, o Lollapalooza micaria.

Também não custa lembrar que ao escalar os brasileiros O Rappa, Wander Wildner, Plebe Rude, Marcelo Nova, Pavilhão 9, Garage Fuzz e Cascadura, o festival deixou claro sua preocupação em atrair público. Vai lá fazer um evento só com Jane’s Addiction para ver se lota?

Os organizadores esperam que 140 mil pessoas assistirão ao festival – ingressos a módicos 500 reais, por causa da carteirinha de estudante, e também para separar quem pode e quem não pode pagar. Não é a última vez que isso vai acontecer no Brasil, ou em qualquer outro lugar do planeta (fora os EUA), independente de termos ou não cultura de festivais. Sempre haverá gringos para tratarem os brasileiros como indigentes – e há brasileiros achando o máximo que alguns brasileiros sejam tratados como indigentes. É, afinal, uma mentalidade miúda de gente que pensa assim:

Perry Farrell: “Quando o Coachella me põe para tocar às 14h, também fico chateado, mas não falo nada porque sei que é assim que as coisas funcionam.”

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4 COMENTÁRIOS

  1. Chegou agorinha uma nota da assessoria de imprensa do Lobão:
    “Nota de Esclarecimento

    Nossa intenção era que a nota enviada ontem, dia 21/11/2011, para toda imprensa fosse suficiente para esclarecer os fatos que levaram o Lobão a desistir de tocar na edição brasileira do festival Lollapalooza, mas desde então, muitos boatos e atitudes arbitrárias foram tomadas, nos forçando novamente a fazer um comunicado oficial, o qual esperamos que seja claro, objeto e final.

    – É de conhecimento que o Lobão gravou um vídeo em que manifesta sua opinião a respeito da forma como os artistas brasileiros vem sendo tratados nos grandes festivais. Conta também sobre a recusa em participar do festival.

    Vale deixar muito claro, que a decisão de NÃO PARTICIPAR DO EVENTO foi do Lobão e não o contrário. Portanto, o músico não compreende o comunicado enviado ontem, dia 21/11/2011 pela Geo Eventos dizendo que mantinha o convite feito ao músico, sendo que, no mesmo dia, nossa assessora de imprensa tentou um contato com a GEO Enventos, na intenção de promover uma conversa franca, clara e frente a frente com o músico Perry Farrell, mas até o momento não recebeu nenhum resposta. Essa conversaria colocaria um ponto final em toda a polêmica causada, evitaria boatos e o famoso “disse que disse”.

    O CONVITE

    O Lobão foi convidado a participar do evento (e se sentiu muito honrado com isso). Seu agente chegou a assinar a carta intenção e o músico – inclusive – iria se apresentar-se por um cachê menor, com condições diferentes do que ele estipula em seus shows, porque tinha em mente a importância de fazer parte do Lollapalooza. Portanto, não teria motivo para desistir se não fosse por uma razão que tanto o músico como sua equipe consideram séria. Em anexo a cartão de intenção,

    NÃO SE TRATA DE NACIONALISMO DEMAGOGO

    Também é muito importante salientar que não se trata de uma posição bairrista ou mesmo nacionalista demagoga. Lobão é admirador da música e da arte americana, assim como de outros países, muito diferente do pouco conhecimento demonstrado pelo músico Perry Farrell em entrevista para a Folha de São Paulo, em que cita: “Estou aprendendo sobre os brasileiros agora, assim como vocês estão aprendendo agora sobre as bandas internacionais” e arremata dizendo que não conhece a música do Rappa, mas que o vocalista da banda é sexy.

    Na mesma matéria Perry Farell deixa claro o pouco conhecimento que tem do cenário brasileiro com a seguinte afirmação: “Espero que o Lollapalooza traga essa cultura de festivais e shows internacionais para a América Latina. Ops, para o Brasil”.

    E para finalizar deixa uma dica totalmente equivocada para um músico que tem dezenas de hits, mais de 30 anos de carreira e milhares de discos vendidos ao longo dos anos: “Vou dar um conselho a ele: grave um disco muito bom, um que todo mundo ame, e faça as pessoas quererem vê-lo ao vivo. Então, ele poderá ser headliner de um festival”

    O ESPAÇO PARA BRASILEIROS

    A questão central não é o horário que havia sido estipulado para o Lobão, mas sim, a forma como os artistas nacionais estavam divididos dentro do festival. Repetindo o que foi dito na nota de ontem: ficou estipulado que o Lobão iria tocar no dia 08 de abril, às 15H. Até então não haveria problema algum, mas, o músico recebeu a informação de que, todos os artistas brasileiros que iriam tocar nos dois palcos principais do festival só poderiam tocar das 10H às 15H e, que horários nobres estavam reservados para os artistas internacionais. Para que não houvesse qualquer tipo de desentendimento, Lobão ligou diretamente para o empresário Sergio Peixoto da GEO Eventos questionando a informação, a qual – infelizmente – foi confirmada.

    Foi vendida para o lobão a idéia de que ele seria o artista principal, fechando as atrações brasileiras, como se a tal situação fosse motivo de orgulho, enquanto na verdade para ele é motivo de vergonha.

    CONVOCAÇÃO AOS BRASILEIROS

    O que Lobão pede é uma recuperação de auto-estima. Até quando o público e a classe artística vão deixar que os empresários e os grandes festivais nos desfavoreçam dessa forma? É uma questão de respeito mutuo, de reconhecimento de nossa arte e interação equilibrada e harmoniosa entre todos os artistas de todos os países.

    Não importa se o músico irá tocar às 10H da manhã ou no final da noite, o que se questiona aqui é o pouco valor dado para os músicos brasileiros em geral e para as bandas do nosso mainstream que são tratadas como iniciantes num festival internacional, por sinal, festivais que obviamente estão enxergando que diante da crise mundial, o Brasil é um ótimo lugar para se fazer lucro.

    Pagamos caro em ingressos, compramos com meses de antecedência e não estamos dando valor a nós mesmos?

    O que Lobão não aceita é que os artistas nacionais sejam colocados como segundo plano e que não sejam tratados com o respeito que merecem. E enquanto o público, a mídia e os próprios artistas continuarem a aceitar isso, o Brasil continuará sendo visto como o país da selva e de terceiro mundo, onde qualquer estrangeiro chega aqui e faz o que bem entende com a nossa música, com o nosso rock n roll.

    Os festivais precisam ceder a nós. São eles que precisam da nossa bilheteria, e não o contrário.

    Citamos mais uma vez, que nos entristece perceber, se torna mais fácil vender a imagem do Lobão polêmico e lunático do que admitir a situação e dizer que vão corrigi-la.

    Com os rumos que as coisas tomaram e principalmente após a entrevista dada por Perry Farrell agora Lobão não tem mais dúvidas de que estava certo quando percebeu que os artistas nacionais não estavam sendo tratados como deveriam.

    O músico que estava muito honrado com o convite, infelizmente sente-se frustrado em perceber que atual situação – novamente – não tem servido como motivador para que a classe artística e o público tomem uma atitude em relação ao fato.

    Ninguém está fazendo favor aos brasileiros, somos nós que estamos recebendo os grandes festivais aqui, portanto, acreditamos que esta questão seja de imensa importância para que possamos discutir até quando os ARTISTAS e a CULTURA BRASILEIRA serão colocados em segundo plano dentro do próprio país. Nós queremos intercambio musical sim! Admiramos as bandas internacionais, mas queremos o mesmo intercambio dentro do respeito e integridade.

    Acreditamos que dessa vez a situação esteja esclarecida e que consigamos dar um passo a frente, tomar uma atitude e mudar para melhor.

    Atenciosamente,

    Lobão e sua equipe.”

  2. HITS MAIS CONHECIDOS DE LOBÃO
    A queda
    Rádio blá
    Canos Silenciosos
    Cena De Cinema
    Chorando No Campo
    Corações Psicodélicos
    Decadence Avec Elegance
    É Tudo Pose
    Essa Noite Não
    Me chama
    Moonlight Paranóia
    Noite & Dia
    Nostalgia Da Modernidade
    O Rock Errou
    Por tudo que for
    Revanche
    Sem Você Não Dá
    Vida Bandida
    Vida Louca

    MÚSICAS MAIS CONHECIDAS DO PERRY
    Pets
    Been caught stealin

    esperava mais de vc hein Sr. Perry!!!

  3. Bunny, talvez um fã do Jane’s Addiction não concorde muito com você… mas nós sim! Por que será que o Brasil se tornou o porto seguro para inúmeras bandas estrangeiras fazerem seus shows? Só por essa razão já seria suficiente para que viessem aqui com um pouco mais de humildade.

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