É 13 de maio de 2011 em São Paulo. Hoje é aniversário da (semi-)abolição dos escravos no Brasil, e é véspera do Grande Churrascão Brasileirão em Higienópolis.

Os quatro textos anteriores deste FAROFAFÁ não foram escritos por Waldo Squash, Maderito, Keila Gentil e William Love. Foram tomados em entrevista d@s menin@s da Gang do Eletro a mim, Pedro Alexandre Sanches, paranaense, 42 anos, jornalista musical há 16.

São transcrições quase literais das falas deles, exceto por alguns complementos, interferências, citações e liberdades tomadas em itálico por este ventríloquo que não é paraense, nem artista, nem eletromelódico, nem punk tropical de cabelos pintados de lilás. É brincadeira, movida pela convicção entusiasmada de que a Gang do Eletro somos todos nós.

FAROFAFÁ é uma experiência jornalístico-musical conduzida por mim e por meu colega repórter-da-pesada paulista Eduardo Nunomura, com o auxílio criativo-visual-operacional-genial-e-incansável de três moças, a brasiliense-mineira Camila Cortielha, a matogrossense Dríade Aguiar e a pernambucana Laura Morgado, todas integrantes do coletivo (des)alinhado Fora do Eixo.

Nós temos certeza de que já existe e está em vigor a música do NOVO Brasil, e é dela que queremos falar neste site-experiência. Sabemos e não esqueceremos um só minuto que nessa música está inscrita e encravada a música brasileira de todos os tempos, de todos os Brasis.

Sabemos, pelo nosso dia-a-dia, que na maior parte do tempo a música do NOVO Brasil não dá no rádio nem está nas bancas de jornais (como cantava o baiano Raul Seixas) – e, lamentavelmente, ela parece encontrar portas cerradas quando, daqui de fora, grita um “ó de casa” ao Ministério da Cultura do NOVO Brasil, atualmente arrendado pelo (para o?) clã Buarque de Hollanda.

Simbolicamente, a música do NOVO Brasil é uma linha de metrô que faz a baldeação verde-amarela Higienópolis-Heliópolis, Pacaembu-Brasilândia, Ipanema-Ananindeua.

Não é uma linha de metrô que os “pobres” da Vila Brasilândia têm a obrigação de pegar para vir conhecer as maravilhas contemporâneas da cultura “rica” da estação Angélica (Huck). É, antes, o contrário.

É uma linha verde-amarela que parta da esquina da avenida Angélica com a rua Sergipe, faça parada nos NOVOS camelódromos da rua Fernando Higienópolis Cardoso, passe pelo Instituto Lula (onde fica?) e leve toda essa gente pálida que vive blindada a conhecer o Brasil que explode de vigor e criatividade na Vila Brasilândia, em Heliópolis, no Complexo do Alemão, no Capão Redondo, em Barcarena, em Jurunas, em Alcatraz.

Não é por falta de insistência. Como perguntaram o baiano Dorival Caymmi e a falsa baiana portuguesa-carioca-hollywoodiana Carmen Miranda, você já foi à Bahia que fica do lado de fora do camarote Expresso 2222, neg@?, não?, então vá… Vem pra pipoca conosco, porque, como chorava o pernambucano Paulo Diniz, we don’t want to stay here, we wanna to go back to Bahia -afinal, somos todos baianos, mesmo não sendo.

Filhos do dono da casa lotérica e do vendedor de batatas, eu e Eduardo somos tão fora-do-eixo como essa garotada que vem de todos os cantos do Brasil fazer a pirataria do século XXI a partir do núcleo tentacular da Casa Fora do Eixo, no Glicério-Cambuci-Liberdade (Liberdade, ouviu bem?). Mas também somos dentro-do-eixo, egressos de grandes redações e da dureza diária da cidade que a paulistona Rita Lee garante carregar o Brasil nas costas. Como se fossem assim tão estreitas as costas continentais do Brasil.

Dentro-e-fora, moramos no miolo Higienópolis-Pacaembu-Perdizes-Pinheiros-Vila Madalena. Oscilamos diariamente entre a estação Morumbi e a estação Capão. Somos MV Bill e somos Ed Motta. Somos jornalistas porque, operários tijolo-por-tijolos, acreditamos na vocação para erguer pontes, das quais precisamos para ir pra lá e pra cá (e, por vezes, para não ficar desabrigados ao relento). Porque não somos nem cá nem lá. Porque somos lá e cá.

Elite do povão e povão da elite, não somos Maria Bethânia (nem queremos ser). Mas, por que não?, também queremos patrocínio, anunciantes, Lei Rouanet (reformulada, se possível) para nossa FAROFAFÁ. Se “eles” podem, por que não poderiam “vocês” que fazem parte dessa massa, como o “Admirável Gado Novo” do paraibano Zé Ramalho? Por que “nós” não poderíamos? Yes, we créu!, dona Alcione!

Queremos fazer cultura e ser feitos de cultura, receber e doar cultura – porque toda linha de metrô vai e vem, vaivém, e camarão que dorme a onda leva, como cantavam os cariocas Beth Carvalho e Zeca Pagodinho, e camarão tá caro pra chuchu, como sambava a carioca Jovelina Pérola Negra.

O Brasil é paratodos, como insinuava antigamente o filho doirado da família quatrocentona da linha Leblon-Pacaembu. Essa moça tá diferente, ou todo dia ela faz tudo sempre igual?

É isso aí, tamo batendo pa tu batê pa tua patota (a bênção, senhores cearenses de Baiano & Os Novos Caetanos), pra começar. Nós, @s garot@s do Fora do Eixo e @s menin@s da Gang do Eletro agradecemos comovidos a atenção e o carinho dispensados, e convidamos a todos, com orgulho, para entrar, sentar e ficar na nossa casa de farinha, FAROFAFÁ.

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5 COMENTÁRIOS

  1. feliz com a novidade, pedro. duplamente feliz por ver a gang do eletro nesse ínicio. parabéns a todos (ainda tô me entendendo com a navegação do sítio, mas gostei,tá bonito e diferente). qualquer coisa tamosaê.

  2. Dafne, ainda estamos nos entendendo com a navegação também, é tudo NOVO, pra todo mundo!

    E, bem, teje convidado, desde já, pra escrever aqui pra nós também!

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